sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Hora de definição nas lideranças

Pelo menos cinco legendas na Câmara ainda não fecharam os responsáveis por comandar as bancadas em votações e indicações para cargos. Posto de representante do Planalto na Casa também é alvo de cobiça

Karla Correia

As disputas internas nas bancadas partidárias da Câmara devem marcar o retorno dos trabalhos parlamentares no próximo mês. Uma parte considerável das legendas chega a fevereiro sem ter pacificado ou sequer iniciado a discussão sobre a escolha de seus líderes na Casa, gerando tensão nas bancadas desde a largada do Ano Legislativo. O dono da batuta está vago, inicialmente, no PT, DEM, PCdoB, PSC e PDT. Os cinco partidos somam 169 parlamentares.

No caso do PT, em que Jilmar Tatto (SP) e José Guimarães (CE) travam uma guerra de bastidores durante o recesso parlamentar pela sucessão do atual líder da sigla, Paulo Teixeira (SP). Tatto aspira ao cargo como uma espécie de compensação por ter aberto mão de se candidatar à prefeitura de São Paulo, favorecendo ao escolhido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação, Fernando Haddad. José Guimarães, contudo, tem maior influência dentro do partido e é visto como favorito para ocupar o posto de Teixeira .

Do outro lado do espectro partidário, a bancada do DEM vive outra acirrada disputa pela liderança da legenda na Câmara. Brigando pela sua recondução ao cargo, o atual líder da sigla enfrenta ao menos dois adversários — Mendonça Filho (PE) e Pauderney Avelino (AM) — que entram na disputa confiados em um acordo informal sobre o rodízio de deputados na liderança. Para ACM Neto, contudo, a visibilidade garantida pelo cargo é considerada fundamental para suas aspirações na disputa pelo governo baiano, em 2014. Daí a resistência do atual líder em largar o posto.

Nem todos os partidos, contudo, terão rixas internas a resolver com a escolha de lideranças, neste início de ano. O PSDB, por exemplo, optou pelo deputado Bruno Araújo (PE) como forma de tentar arrefecer a polaridade interna da legenda entre parlamentares de São Paulo e de Minas Gerais e dar à bancada um caráter mais nacional do que regional.

Racha contornado


Enfrentando uma profunda divisão por conta da situação política do ministro das Cidades, Mário Negromonte, a bancada do PP conseguiu vencer diferenças e reconduziu ao cargo o líder Agnaldo Ribeiro (PB), ainda em meados de dezembro, dia seguinte a uma reunião do partido pensada para demonstrar união em torno de Negromonte, mas que apenas demonstrou o quanto a legenda estava rachada no apoio ao ministro.

As lideranças partidárias, aliás, apresentam um alto índice de continuidade nesse segundo ano da legislatura. Continuam no comando de suas bancadas os líderes do PR, Lincoln Portela (MG), do PPS, Rubens Bueno (PR), do PTB, Jovair Arantes (GO), do PSOL, Chico Alencar (RJ) e do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).

Um dos mais antigos parlamentares do Congresso, Henrique Eduardo Alves ocupa a liderança peemedebista pelo sexto ano consecutivo e sonha em trocar o cargo pela presidência da Câmara. Seu empenho pelo comando da Casa é visto com reserva por boa parte da bancada de seu partido.

Mas apesar das reclamações cada vez menos discretas sobre o comportamento de Alves, os parlamentares optaram por mantê-lo no cargo — o que o fortalece na disputa para sucessão do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

Olho no governo

O atual líder petista está concentrado na discussão sobre a liderança do governo. Hoje titular do cargo, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) colecionou desavenças com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, mais próxima de Paulo Teixeira. O cenário alimenta especulações sobre uma eventual substituição de Vaccarezza na sequência da definição do novo líder do PT.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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