sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Oposição "poupa" Bezerra e mira o Planalto

Parlamentares do PSDB e do DEM aproveitam depoimento de ministro acuado por denúncias para criticar fiasco do governo na prevenção das enchentes

Em vez de Bezerra, oposição mira Dilma

Ministro depõe no Congresso e diz ser alvo de disputas políticas em Pernambuco. Os parlamentares contrários ao Palácio do Planalto, por sua vez, direcionam a artilharia à capacidade de gestão do governo

Paulo de Tarso Lyra

A oposição transformou a sessão de ontem da Comissão Representativa do Congresso Nacional para ouvir o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, em uma audiência de críticas ao governo federal. À exceção do líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), que abordou as denúncias que atormentam o ministro há quase duas semanas, todos os demais oposicionistas optaram por questionar a capacidade gerencial da presidente Dilma Rousseff e livrar Bezerra de artilharia pesada.

Com o clima afável, o ministro terminou a sessão demonstrando tranquilidade. "O que fortalece um ministro é a confiança da presidente Dilma Rousseff. E eu sinto que ela confia em meu trabalho", disse ele. "Se não surgirem novos fatos daqui para frente, ele está livre", disse ao Correio um petista que participou da audiência pública.

Primeiro parlamentar a usar a tribuna, Alvaro Dias questionou se as vítimas de Santa Catarina, do Rio de Janeiro e de São Paulo não eram suficientes para sensibilizar o governo, já que a maior parte dos recursos do Ministério da Integração Nacional foram encaminhados para Pernambuco. "Beneficiar parlamentares ou partidos políticos fere o princípio da impessoalidade e isonomia na gestão pública", disse o tucano.

O ministro disse que a oposição e a imprensa erravam ao dizer que 90% dos recursos foram destinados ao seu estado natal. "Essa confusão vai acabar porque, a partir do Plano Plurianual (PPA) 2012-2015, estaremos concentrando todas as verbas para prevenção de enchentes pulverizadas por diversos ministérios em uma única rubrica", esclareceu.

Plano de prevenção

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e o vice-líder do DEM, Rodrigo Maia (RJ), questionaram a capacidade gerencial da presidente. "Em sua mensagem ao Congresso Nacional, a presidente Dilma afirmou que pretendia acabar, de uma vez por todas, com as enchentes. São 10 anos de governo do PT e continuamos contando os mortos porque não existe um plano de prevenção para essas catástrofes", afirmou o tucano. "Onde está a grande controladora (gestora) apresentada ao longo do governo Lula e durante a campanha?", questionou Maia.

Bezerra defendeu a presidente, afirmando que ela é muito dura no gerenciamento dos problemas. E que já deu provas de sua capacidade de gerenciamento ao reformular o setor elétrico, que, atualmente, retomou o volume de investimentos. O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), também defendeu o governo. "Não queremos contar os mortos todo janeiro, mas se formos comparar com o que aconteceu ano passado, veremos que o governo se preparou para esse período de chuvas."

Teixeira e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), também hipotecaram seu apoio ao ministro. Os dois partidos são apontados pelo PSB como os responsáveis pelo "fogo amigo" contra Bezerra. "Em alguns, eu vi sinceridade. Em outros, mero formalismo político", devolveu um parlamentar do PSB.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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