Apesar das aparências e da imensa confusão de alianças e de atores na eleição de São Paulo, é um contra o outro
Eliane Cantanhêde
Acabou a solenidade do Minha Casa, Minha Vida, a presidente petista Dilma Rousseff correu para uma conversa de três horas com o padrinho Lula, enquanto o governador tucano Geraldo Alckmin foi trocar ideias com o prefeito Gilberto Kassab.
Os dois movimentos reforçam a polarização PT-PSDB. Apesar das aparências, da convivência cordial de Dilma e Alckmin e da imensa confusão de alianças e de atores na eleição de São Paulo, é um contra o outro. Os demais girando como satélites.
O PT mudou muito, mas é o PT. O PSDB está totalmente rachado, mas é o PSDB. As duas novidades são a entrada em cena do PSD de Kassab, que oscila entre ambos, e a tentativa do PMDB de lançar a candidatura de Gabriel Chalita para recuperar liderança política em São Paulo.
É por isso que, ao oferecer um nome -qualquer nome- do seu PSD para Lula como vice do petista Fernando Haddad, Kassab confundiu ainda mais o cenário e deixou os dois lados atordoados. Serviu como pausa para pensar.
Se o PT já engoliu a candidatura Haddad só porque Lula quis, é muito difícil assimilar um vice indicado por Kassab. Lula até gostaria de reunir o máximo de forças políticas e isolar os tucanos, mas o prefeito é a alma da campanha petista. Sem Kassab, quem será o alvo? Qual será o discurso?
No caso do PSDB ocorre o mesmo, em sentido contrário. A eleição, a vitória e a gestão de Kassab na prefeitura são indissociáveis dos tucanos, o que vale mais para o ex-governador José Serra, mas vale também para Alckmin, queira ele ou não.
Quem é mesmo o seu vice? Guilherme Afif Domingos, que é do PSD, pré-candidato de Kassab à sua sucessão.
Como, então, o PT poderia usar seus palanques para defender ou no mínimo ignorar Kassab? E como o PSDB poderia se esgoelar para criticar a gestão dele?
O plano A de Kassab segue sendo lançar o cabeça de chapa e ter apoio de Alckmin, que é quem dá as cartas tucanas no Estado e na capital e está atolado em várias candidaturas, três delas de secretários de seu governo. Preferia Bruno Covas, recuou e virou uma esfinge.
Kassab, portanto, é o centro do universo neste momento em São Paulo. Não apenas por ser formalmente o prefeito, mas por aliar índices medíocres de popularidade à capacidade política de criar um novo partido tão eclético e por ameaçar desequilibrar para um lado ou para o outro a polarização PT-PSDB.
O excesso de interrogações ainda é, assim, o forte da campanha paulistana. O que há de concreto é uma transição geracional, com nomes e caras novas, e um novo peso local para Lula. A capital nunca foi seu forte, mas isso parece coisa do passado.
Mais uma vez, o jogo nacional começa a se definir por São Paulo e pela disputa PT-PSDB. E o PSDB parece claramente em desvantagem.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Um comentário:
eSSA URUBOLOGA NÃO ACERTA UMA...
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