O combate a pobreza tem sido pelo menos no discurso, política estratégica dos recentes governos brasileiros. Iniciado com alguns programas ainda no governo FHC e potencializados como novos paradigmas de cidadania pelos governos Petistas, essas politicas, tem garantido saldos eleitorais históricos nas regiões mais pobres do pais sendo também,marcados pela sua formaquase sempre, clientelista na sua aplicação. Não é novidade alguma que pobreza, sempre foi algo explorado politicamente no Brasil e transformou na nossa breve historia políticos em mitos de bondade,os chamados pais dos pobres.
A pobreza é algo que pessoalmente, me marcou durante toda a infância e parte da juventude. Morador da cidade de Recife tive a oportunidade, embora ainda pequeno de conhecer nos anos 60, a famosa favela do COQUE, já temida na ocasião por concentrar como se falava na época, maloqueiros e gente brigona. Era no Coque, que meu pai, visitava como membro do antigo PCB, algumas bases operarias e me levava junto, lembro-me das casas chamadas mocambos e palafitas que depois lendo Josué de Castropude entendera sua tese, sobre o circulo do caranguejo. Lembro-me do espanto de menino nas primeiras visitas, ao ver aquela situação de carência mais lembro depois, da alegria de brincar com meus amigos do COQUE enquanto meu pai fazia umas reuniões meio silenciosas com os seus pais e alguns outros convidados.
Nessa época, lembro também do meu pai, levando o Miguel Arraes para visitar o COQUE e da alegria daquela gente humilde com a inauguração de chafarizes para abastecer a população de agua potável, o que na verdade, lhe garantiu naquela área uma votação esmagadora para prefeito de Recife na ocasião.
Em 1964 meus lanços com Recife e o COQUE foram alterados, o golpe militar transformara meu pai em um perseguido. E sem entender bem as coisas, abandonei junto com a família a minha Cidade, vindo morar no Rio de Janeiro. Cidade que aprendi a adorar. E onde nasceram meus queridos filhos.
No final da década de 70, agora já um militante do antigo PCB honrando a tradição e a historia paternana época aluno da UFRJ, ao invés de atuar no movimento estudantil optei pelo movimento popular das Associações de Moradores, na época fui eleito o presidente da Associação dos Moradores da Pavuna, tradicional bairro da Zona norte do Rio, lembrado por Almirante em seus depoimentos musicais. Posteriormente, vim a ser diretor da Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro (FAMERJ) Nessa época, tive oportunidade de visitar inúmeras comunidades carentes e contribuir para afundação de dezenas de Associações de moradores pelo Rio a fora, eemcada um deles, via um pouco do velho COQUE.
Em 2005 resolvi fazer uma viajem especial ao Recife para lembrar os Carnavaisna memória de Capiba, Nelson Ferreira, Claudionor Germano, Os Blocos, Troças e Caboclinhos coisa que só o pernambucano sabe como é bom e meio clandestino, queria ver o COQUE, e para me informar, procurei a prefeitura local e pude ver que o COQUE, agora se tornará um complexo com um dos IDH, mais baixos do país e com os mais altos índices de violência da Cidade, ou seja, o COQUE apesar dos governos, não mudara e na verdade alastraram em profusão os seus maloqueiros e brigões.
Em 2009 Voltei a Recifepara participar do um congresso e ao buscar informação sobre o COQUE, descobri que a exemplo dos complexos cariocas o Coque concentrava um fortereduto de distribuição e venda de drogas econtinuava com seus autos índices depobreza, mortalidade infantil violência e mais ainda, era onde a chamada “esquerda” da ocasião, apresentava a cada ano indiscutíveis vitorias eleitorais.
Passado tantos anos o COQUE apesar de tantos programas projetos e promessas, segue “crescendo” e batendo seus próprios recordes de desigualdes socioeconômicas, servindo de referencia internacional e elegendo a cada ano os seus vereadores, seus deputados, seus governadores, seus senadores e seus Presidentes.
Rosemberg de Araújo Pinheiro, Mestre em Saúde Coletiva/UFRJ. Diretor Adjunto da Faculdade de Medicina da UFRJ
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