Na presença do ministro Alexandre Padilha, secretário-geral da entidade se disse apreensivo por corte orçamentário na pasta
BRASÍLIA - Ao lançar o tema da campanha da fraternidade deste ano, o financiamento público da saúde, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expôs uma visão crítica do governo. Diante do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner, se disse preocupado com o tema.
As apreensões da CNBB ganharam intensidade depois do anúncio, por parte do Planalto, de que a saúde sofrerá um corte orçamentário de R$ 5,4 bilhões este ano.
– Não é exagero dizer que a saúde pública no país não vai bem – afirmou dom Leonardo.
Para o clérigo, apesar de ter sido aprovada no Congresso, a Emenda 29 – que realinha os percentuais a serem investidos em saúde por Estados, municípios e União – trouxe resultados "frustrantes", uma vez que o Planalto vetou a ampliação dos gastos federais no bolo dos investimentos no setor. Para evitar quaisquer constrangimentos, dom Leonardo demonstrou satisfação por receber o ministro. Ele arriscou dizer que Padilha deve concordar com a visão dos bispos em muitos pontos.
– O senhor ministro, que aqui está, deve também concordar comigo, porque nós já conversamos sobre essa necessidade (de investir mais em saúde), e é uma das grandes preocupações do senhor ministro – afirmou o religioso.
Ministro alega que cortes ficarão restritos a emendas
Padilha tratou de acalmar os bispos. Ele assegurou que a tesourada de R$ 5,4 bilhões não vai atingir nenhum dos programas do ministério. Disse ainda que o foco dos contingenciamentos vai recair sobre as emendas parlamentares.
O ministro agradeceu a escolha do tema de saúde para a campanha deste ano da CNBB e disse que será positivo que a sociedade discuta o "SUS real", que abraça também "a baixa qualidade de atendimento, às vezes da falta de compromisso, às vezes da omissão de atendimento".
Clérigos, o governo e a saúde
As relações entre a CNBB e o governo vão além da convergência de posições quanto à saúde. No governo Lula, houve momentos de fricção: o principal em 2010, após o governo lançar seu Plano Nacional de Direitos Humanos – cujo texto defendia avanços relativos ao aborto –, uma carta dos bispos chamou Lula de "Herodes", o personagem bíblico que teria ordenado a morte de crianças. Com Dilma, o tema aborto já voltou a tensionar as relações, a partir das posições da secretária de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.
FONTE: ZERO HORA (RS)
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