Luciana Collet e Fátima Lessa
CUIABÁ - O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) informou ontem que as obras de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte foram retomadas em todas as frentes de trabalho. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav), que representa os trabalhadores da hidrelétrica.
O sindicato deu o prazo até o dia 16 de abril para uma contraproposta às reivindicações encaminhadas pelos trabalhadores ao consórcio, mas já está marcada para o próximo dia 10 uma reunião entre as partes.
O CCBM exigiu o retorno ao trabalho dos operários para dar início à negociação, o que, segundo o Sintrapav, foi aprovado pelos trabalhadores na sexta-feira. A retomada das atividades deveria ter sido feita no sábado, dia de trabalho em Belo Monte, mas segundo o sindicato e o consórcio, houve o bloqueio da estrada que leva aos canteiros. Ontem, o CCBM efetuou o pagamento dos trabalhadores e por isso não houve expediente.
Em informativo distribuído ontem aos trabalhadores de Belo Monte, o Sintrapav afirma que pessoas estão "infiltradas no meio da categoria, fazendo tumulto e propagando a violência". Segundo a entidade, essas pessoas teriam interesses políticos, inclusive relacionados ao ano eleitoral, ou ainda estariam buscando interromper definitivamente a construção da usina.
Ainda no documento, o Sintrapav se declara o "legítimo e único representante dos trabalhadores da categoria, e nenhuma federação, central sindical ou outra entidade sindical tem competência para fazer reivindicações e melhorias para a categoria".
O sindicato reivindica também que a CCBM e a Justiça garantam o trabalhador que quer trabalhar "sem ser constrangido e sem sofrer violências".
Ontem quatro lideranças do Movimento Xingu Vivo para Sempre, contrárias à construção da hidrelétrica, foram proibidas de se aproximar do canteiro de obras por decisão judicial. Uma liminar de interdito proibitório (ação judicial para repelir algum tipo de ameaça) foi concedida pela Justiça Estadual do Pará, atendendo a um pedido encaminhado pelo CCBM.
O Movimento diz que a paralisação ainda é parcial e que ontem os trabalhadores foram levados aos canteiros em ônibus escoltados pela Polícia Militar.
O CCBM disse que em dias de pagamento não há expediente nos canteiros de obras, e por isso na segunda-feira "era impossível avaliar sobre a continuidade ou mesmo sobre o fim da greve". A nota diz ainda que "em nenhum momento a greve atingiu todos os canteiros".
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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