Fogo no canteiro de obras teria sido criminoso, segundo as autoridades; onze suspeitos foram detidos
Nilton Salina
PORTO VELHO - Um novo incêndio criminoso ocorrido na madrugada de ontem no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, destruiu 36 dos 57 alojamentos dos operários. Onze pessoas foram presas por policiais militares de Rondônia e por soldados da Força Nacional de Segurança.
De acordo com informações de funcionários, o fogo começou em um matagal ao lado dos alojamentos e se alastrou rapidamente, causando grande confusão. Em pouco tempo as chamas atingiram alojamentos e vândalos teriam começado a depredar os dormitórios. Houve correria e tumulto, o que dificultou a identificação dos responsáveis.
O tumulto causou nova paralisação da obra, que já ficou parada por 23 dias até a última segunda-feira, por causa da greve dos trabalhadores.
Em março do ano passado, o canteiro de Jirau já havia sido palco de depredação de ônibus e alojamentos, com incêndio criminoso e saque de caixas eletrônicos.
Ontem, cerca de 7 mil trabalhadores estavam nos alojamentos. Eles foram levados após o tumulto para o ginásio do Sesi, onde receberam alimentação. Mais tarde, a empresa Camargo Corrêa iniciou a triagem dos funcionários para que eles fossem hospedados em hotéis ou recebessem passagens para voltar às suas cidades de origem até que a situação seja resolvida.
O Gabinete de Gestão Integrada do governo do Estado reuniu-se pela manhã na Secretaria de Segurança e definiu que por enquanto não será preciso pedir apoio ao Exército.
O secretário, delegado da Polícia Federal Marcelo Bessa, explicou que manteve contato com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que autorizou o envio de mais homens da Força Nacional de Segurança para Porto Velho e anunciou que, se for preciso, acionará o Exército.
Marcelo Bessa explicou que não será possível para a Polícia de Rondônia se responsabilizar pela segurança no canteiro de obras, porque isso significaria sacrificar o policiamento em Porto Velho.
"Massa de manobra". A secretaria de segurança acredita que grupos não identificados estariam usando os trabalhadores como "massa de manobra" para provocar desordem em canteiros de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
A greve nas usinas de Santo Antônio e Jirau terminou na manhã da última segunda-feira, após uma assembleia onde os funcionários aceitaram a proposta dos consórcios construtores - reajuste salarial de 7% para quem recebe até R$ 1,5 mil e 5% para quem tem salário superior a esse valor.
A paralisação começou na Usina Jirau, no dia 9 de março.
O clima é de tensão entre os trabalhadores e há denúncias de que um grupo teria impedido que os operários favoráveis ao fim da greve de votarem nas assembleias da semana passada. Representantes do Ministério Público do Trabalho acompanharam a última reunião.
A greve foi considerada ilegal e abusiva pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que autorizou a demissão de funcionários que comprovadamente participassem de atos de vandalismo, que aterrorizassem colegas ou os impedissem de ter acesso ao canteiro de obras.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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