Mesmo com a divulgação de dados de estagnação econômica, a presidente Dilma Rousseff venceu a batalha da opinião pública na semana passada. Imagem é tudo, diz o bordão.
A necessidade de baixar mais os juros, decorrente da fraqueza da atividade e da frustração da retomada, revestiu-se de cruzada contra a ganância de banqueiros e de ofensiva para libertar o país de velhos grilhões financeiros. Colou.
Colou tanto que a gestão Rousseff emplacou, sob aplausos gerais, a sua mais importante reforma até aqui. Ao implantar a remuneração variável na caderneta de poupança, pulverizou a barreira que limitava a queda dos juros de curtíssimo prazo da economia brasileira.
A presidente diz almejar taxas de 2% acima da inflação. As negociações financeiras no mercado para daqui a um ano se aproximam dessa marca. Nem o governo parece dar-se conta, contudo, de que o juro básico agora pode empatar com a inflação, ou cair abaixo dela, se for necessário.
O Planalto talvez não deseje tanto radicalismo na derrubada das taxas. O outro lado dessa moeda seria uma economia ainda mais anêmica, incapaz de manter incólumes o emprego e o salário dos trabalhadores, atuais bastiões da popularidade presidencial.
A marcha do PIB no meio do mandato de Dilma estará mais para a leseira dos anos FHC do que para o ritmo melhorzinho do segundo Lula. Se o quadro piorar, ficará mais difícil para a marquetagem dilmista transformar latão em ouro.
Diante da falta de ambição reformista no governo federal desde meados da década passada, a mudança na caderneta, decerto precipitada mais pela urgência que pela estratégia, foi uma boa surpresa. Liquidado o piso dos juros, falta atacar a carga de impostos, que asfixia a produção.
Nesse capítulo, não há banqueiros para botar a culpa. O vilão é o nível do gasto público. Dilma vai encarar?
Fonte: Folha de S. Paulo
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