Alvos são Duque de Caxias e Mossoró, onde dirigentes petistas resistem a ceder candidaturas; objetivo é garantir apoio de socialistas a Haddad
Bruno Boghossian
A direção nacional do PT quer obrigar seus líderes locais a desistir de candidaturas próprias em Duque de Caxias (RJ) e Mossoró (RN) para apoiar o PSB. O acordo serviria como moeda de troca para que os socialistas apoiem Fernando Haddad (PT) em São Paulo. Petistas defendem que a direção do partido assuma a responsabilidade do acordo em ambos os municípios, retirando o poder de decisão dos diretórios locais. “Não é intervenção. Essas negociações são parte da tática nacional”, justifica o secretário de organização do PT, Paulo Frateschi. Há cerca de um mês, o PT tenta convencer dirigentes estaduais e municipais a abrir mão de candidaturas próprias, a fim de garantir apoio do PSB a Haddad. O partido avançou, mas enfrentou resistência em Duque de Caxias e Mossoró – prioritários para os socialistas nas negociações. Em Duque de Caxias, os petistas queriam lançar Dalva Lazaroni, que trocou o PV pelo PT com a perspectiva de disputar a prefeitura. Em conversas reservadas, integrantes da direção nacional dizem que Dalva não tem ligação orgânica com o partido e que sua candidatura seria dispensável.
Apesar das resistências locais, o objetivo dos dirigentes é apoiar o nome lançado pelo PSB, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio, Alexandre Cardoso. Pelo acordo, o PT indicaria o vice. Petistas da cidade temem que o nome de Dalva também não seja aprovado para o posto. Mossoró. O PT também enfrenta problemas com a candidatura do reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido, Josivan Barbosa, em Mossoró. Apesar de afirmar que não fará chantagem para se aliar a Haddad, o PSB exige que o PT apoie sua deputada estadual Larissa Rosado, que liderava pesquisas de intenção de voto no fim do ano passado.
O PT potiguar não parece disposto. Além da costura política em t orno de Haddad, a direção nacional petista tem interesse extra em Mossoró: formar coligação com o PSB para tirar do DEM sua única prefeitura em cidades com mais de 150 mil eleitores. A partir de amanhã, o PT volta a oferecer cabeças de chapa ao PSB para fechar acordo em São Paulo. Dirigentes mais otimistas acreditam concluir negociações em até 15 dias. O PT também está próximo de abrir mão das candidaturas em Macapá e Boa Vista. Se isso ocorrer, serão três as capitais em que o partido fará acordos com o PSB, incluindo Belo Horizonte. Os petistas também cogitavam desistir de lançar nome próprio em Cuiabá, mas não houve acordo. O PSB insistia em ter a ex-senadora Serys Slhessarenko como vice, mas os líderes do PT não aceitaram seu nome.
Serra busca apoio de ex-adversários
Um mês após vencer a prévia do PSDB para a Prefeitura paulistana, o ex-governador José Serra pediu a colaboração de seus adversários na eleição interna: o deputado Ricardo Tripoli e o secretário de Energia, José Aníbal. É uma tentativa de demonstrar unidade do partido, rachado após a disputa. Tripoli e 70 lideranças locais ligadas a ele anunciarão hoje, em um evento na sede municipal do partido, que vão colaborar com a campanha de Serra. O deputado recusou, porém, participar da equipe do tucano. “Tenho que me dedicar ao Código Florestal e à subcomissão da Rio+20 na Câmara”, afirmou. Aníbal foi procurado pelo coordenador da campanha tucana, Edson Aparecido, mas ainda não oficializou seu apoio. A relação entre ele e o pré- candidato ficou estremecida após a entrada tardia do ex-governador na prévia. Serra e Aníbal devem conversar pessoalmente na próxima semana.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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