quarta-feira, 2 de maio de 2012

Para baixar juros, governo estuda mudar poupança

Rendimento da caderneta funciona como piso para a taxa real; presidente pode apresentar proposta hoje

A presidente Dilma Rousseff estuda mudanças na caderneta de poupança como parte de sua estratégia para baixar as taxas de juros.

A proposta, que pode ser apresentada a líderes governistas em reunião hoje, objetiva reduzir os juros reais da economia para 2% ao ano ainda neste mandato.

Para ter juros de 1º mundo, Dilma quer mudar poupança

Presidente convocou aliados para reunião hoje no Planalto e pode abordar o tema

Alteração é condição para redução dos juros, mas possível desgaste faz aliados defenderem que ela adie medida

Valdo Cruz, Sheila D’Amorim

BRASÍLIA - Dois dias depois de defender em cadeia nacional de TV a redução dos juros, a presidente Dilma Rousseff reúne hoje os líderes dos partidos governistas para discutir medidas econômicas que permitam baixar ainda mais as taxas bancárias e pode incluir na discussão mudanças na remuneração da caderneta de poupança.

Dilma definiu como estratégia de seu governo reduzir os juros reais da economia para no máximo 2% ao ano até o fim de seu mandato, meta que para ser atingida demanda alterações no rendimento da aplicação mais popular do país.

A medida, já tentada antes, tem caráter altamente polêmico, principalmente neste ano eleitoral.

Em pronunciamento de TV e rádio anteontem, Dilma acusou uma "lógica perversa" do setor financeiro e cobrou redução dos juros cobrados pelos bancos privados.

Segundo assessores, na reunião de hoje no Palácio do Planalto ela pretende "preparar o terreno" para tratar das mudanças na poupança.

Um assessor presidencial disse à Folha que ela quer discutir o assunto com seus aliados, mas ainda avaliava a viabilidade política, já que este é um ano eleitoral e o tema de "mudar a poupança" é visto com desconfiança.

Atualmente, os juros reais -taxa do Banco Central, descontada a inflação- no Brasil estão em 3,3% ao ano, nível mais baixo desde o início dos anos 90.

Apesar de próximo ao piso de 2% ao ano desejado por Dilma, as reduções a partir do patamar atual são mais difíceis por esbarrarem em problemas estruturais -um deles, a remuneração da caderneta de poupança.

Fixado em lei, o rendimento mínimo da poupança equivale à variação da TR (Taxa Referencial) mais 6,17% ao ano, funcionando como um piso para taxa de juros.

Se a taxa básica do BC, hoje em 9% ao ano, ficar próxima do rendimento da poupança, aplicações como fundo de investimento ficariam menos rentáveis que a caderneta porque pagam Imposto de Renda e taxa administrativa.

Isso provocaria fuga de recursos para a poupança, criando problemas para os bancos e dificuldades para o governo financiar sua dívida.

Alguns líderes governistas, porém, estão aconselhando Dilma a deixar a mudança para depois das eleições, o que pode fazê-la mudar de ideia e não apresentar o tema hoje.

Mas há um grupo dentro do governo e também no Congresso que defende que a presidente enfrente o tema já. Além de contar com a popularidade recorde de Dilma para esse período de governo, o Planalto discute fórmulas para evitar o desgaste político que aconteceu durante o governo Lula, que ensaiou mudanças na poupança.

Recuou diante dos ataques da oposição e porque o BC começou a subir os juros, tornando desnecessária a medida.

Agora, técnicos preparam o que está sendo chamado de uma "nova modalidade de poupança", que seria vendida para a sociedade como um investimento que poderia até render mais do que a atual e abriria espaço para uma queda mais acentuada dos juros. Alguns nomes são citados por assessores, como "poupança flex" ou "poupança ouro".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Um comentário:

iPoupar.com disse...

Se a taxa Selic se aproxima da correção da poupança,oa investidores migram para a poupança que não pagam IR. Se isso acontecer o governo federal terra dificuldade para vender títulos e refinanciar a divida pública.Compare as taxas de juros em http://www.ipoupar.com.br/investimentos/