A instabilidade política na Grécia provocou ontem nova onda de choque no mercado financeiro global. Preocupados com a possibilidade da saída de Atenas da zona do euro, os investidores levaram as bolsas de valores ao vermelho. No Brasil, o dólar se aproximou de R$ 2 e o Ibovespa fechou no menor nível do ano. Pesaram para os investidores as recentes declarações de autoridades da UE segundo as quais a Grécia terá de sair do euro se não cumprir os acordos de austeridade. Em outro sintoma da crise, a agência de classificação de risco Moody"s anunciou o rebaixamento no crédito de 26 bancos italianos. Em meio ao impasse para a formação de novo governo, o presidente da Grécia, Carolo Papoulias, propôs ontem a criação de um gabinete de "notáveis", isto é, pessoas de fora dos círculos políticos. A proposta deve ser discutida até quinta-feira. Se for rejeitada, novas eleições serão convocadas
Risco de Grécia deixar euro derruba bolsas globais e faz dólar se aproximar de R$ 2
Andrei Netto
PARIS - A instabilidade política na Grécia provocou ontem nova onda de choque no mercado financeiro global. Sob o impacto da possibilidade cada vez mais concreta de saída de Atenas da zona do euro – processo inédito e de consequências imprevisíveis –, os investidores levaram as bolsas de valores ao vermelho. No Brasil, o dólar se aproximou de R$ 2 e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) fechou no menor nível do ano. Em Londres, maior bolsa da Europa, o índice FTSE 100 caiu 1,97%, porcentual muito similar ao DAX, de Frankfurt, que recuou 1,94%. Em Paris, o pessimismo foi maior: o CAC 40 fechou com baixa de 2,29%. O pior resultado ocorreu em Atenas, onde o índice ASE perdeu 4,56%. Segundo analistas de mercado, pesaram sobre as decisões dos investidores as recentes declarações de autoridades da UE desfavoráveis à Grécia. José Manuel Durão Barroso, presidente do Conselho Europeu, advertiu na sexta-feira sobre a necessida- de de excluir o país da zona do euro, caso as regras acertadas não sejam cumpridas.
Em Berlim, Paris e Bruxelas, cresce a impaciência da opinião pública e, por extensão, da classe política em relação aos desacertos políticos gregos. Outro motivo de instabilidade é a posse do novo presidente da França, François Hollande, que sucede hoje Nicolas Sarkozy. À noite, o chefe de Estado encontrará em Berlim a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, para negociar uma saída para outro impasse político, dessa vez em torno do Pacto de Estabilidade, assinado por 25 dos 27 países europeus em março. Hollande deseja a renegociação do texto, que prevê regras estritas de austeridade e responsabilidade fiscal, propondo a inclusão de cláusulas em favor do estímulo ao crescimento econômico. Embora a perspectiva seja de um encontro de interesses entre Merkel e Hollande, os dois líderes políticos trocaram declarações intransigentes nos últimos dias – algo que não traz segurança aos investidores. Nesse cenário de instabilidade, a Espanha sofre. Ontem, os juros cobrados por títulos da dívida soberana com vencimento em 10 anos chegaram à marca de 6,27%, recorde desde dezembro.
Dólar. Com a alta de 1,79% ontem, a moeda americana acumula valorização de 6,31% no ano. Do fim de fevereiro até ontem, o real é a moeda que mais perdeu em relação ao dólar no mundo: 13,24%. Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o movimento não preocupa o governo. "O dólar alto beneficia a economia brasileira, porque dá mais competitividade aos produtos brasileiros. Significa que a indústria brasileira pode competir melhor com os importados, que ficam mais caros, e pode exportar mais barato. Portanto, não preocupa." / Colaboraram Eduardo Cucolo e Leandro Modé
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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