Eleições em BH começam com troca de farpas entre tucanos e petistas
No último dia para registro de candidaturas eles já mostraram armas de ataque na disputa pela prefeitura. Do lado de Marcio Lacerda (PSB), o senador Aécio Neves (PSDB) criticou a tentativa de "nacionalização" da campanha, que começa oficialmente hoje. O próprio Patrus Ananias (PT), que governou a capital de 1993 a 1996, rebateu dizendo que "ao contrário de outros" tem "história com Belo Horizonte". A perspectiva é de batalhas acirradas até o último voto.
Disputa pela prefeitura começa com ataques
Patrus Ananias e Marcio Lacerda registram candidaturas no TRE, enquanto fiéis escudeiros partem para ofensiva criticando o adversário. Campanha dá a largada oficialmente hoje
Juliana Cipriani, Leonardo Augusto, Alessandra Mello e Felipe Canedo
A eleição em que petistas e tucanos voltam a ser adversários ferrenhos em Belo Horizonte promete ser de grandes embates. Já no dia de registrar as candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os dois lados se cercaram de aliados e escalaram seus escudeiros para comandar o ataque. Do lado do prefeito Marcio Lacerda (PSB), coube ao senador Aécio Neves (PSDB) criticar a "incoerência" e a tentativa de "nacionalização" da campanha por parte dos adversários. O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias negou que haja interferência nacional na disputa e disse que tem, ao "contrário de outros", história com Belo Horizonte, cidade que já governou e onde mora há 40 anos.
"Eu tenho uma relação afetiva profunda, amorosa e comprometida com essa cidade. Eu moro aqui há mais de 40 anos , já fui prefeito, vereador e relator da Lei Orgânica dessa cidade. A grande notícia dessa eleição é que o PT e o PMDB estão rigorosamente unidos em torno de um projeto democrático popular. Não há interferência". O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que acompanhou Patrus no registro também negou qualquer tipo de interferência da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, não houve promessa de cargos no governo federal para atrair o PMDB e também PCdoB e PSD. "O que houve foi negociação política feita de maneira legítima". O presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes, tomou a frente dos ataques. Segundo ele, as áreas da prefeitura governadas pelo PSDB – saúde e trânsito – são as mais críticas em Belo Horizonte. "Onde o PT não ficou no governo Lacerda, não funcionou", afirmou.
Ele também justificou o rompimento alegando que se o PSB não cumpriu a palavra em uma questão pequena como a coligação proporcional, não iria honrar a "repactuação programática", uma das condições do PT para reedição da dobradinha com o PSB. Ele negou que haja nacionalização da campanha e atacou o que chamou de "vaidade do senador". "O senador quer trazer para Belo Horizonte o projeto derrotado dos tucanos por Lula e Dilma. Minas Gerais está quebrada. Não vamos deixar que os tucanos também quebrem Belo Horizonte", alfinetou.
Aécio Neves tomou a frente da tropa de choque de Lacerda e, em coletiva para anunciar o apoio de 15 partidos aliados, criticou o rompimento dos petistas, que na eleição de 2008 e na atual administração eram aliados do prefeito. O tucano acusou os petistas de tentarem usar o PSB na chapa proporcional como palanque para eleger seus vereadores. "Até sábado, 11h, as principais lideranças do PT diziam que o Marcio era a melhor alternativa. Só porque ele não aceitou o aniquilamento do seu partido para atender a mais um capricho do PT, ele deixou de ser melhor candidato?", provocou.
Nas últimas semanas de negociação, o PSDB defendeu que, se os petistas ficassem com a vaga de vice na chapa de Lacerda, não deveriam ficar com a coligação para a chapa de vereadores. Os tucanos, no entanto, não exigiram a vaga de vice que ficou para o deputado estadual Délio Malheiros (PV), até então candidato de oposição ao socialista. Aécio alegou que o PSDB não fez imposições e que os que decidiram se aliar a Lacerda – além de Délio, o deputado federal Eros Biondini (PTB) renunciou da candidatura em favor dele – escolheram por vontade própria.
Fantasmas. O mote da campanha, segundo Aécio, será mostrar que os adversários são fruto de uma escolha nacional. "Nossa construção é mineira, dentro das nossas montanhas. No outro campo, foi toda ela – a começar pelo próprio candidato que foi ungido em São Paulo – com todos os seus aliados sem exceção fruto de interferências externas", disse. Potencial candidato à presidência em 2014, Aécio disse que não vai cair na "armadilha" de trazer a futura disputa nacional para essa eleição. "Estão vendo fantasmas, antecipando um cenário que ninguém sabe qual vai ser daqui dois anos." Sobre o fato de o vice de Lacerda ter feito oposição a ele nos últimos anos, Aécio afirmou que é bom ter um crítico no time e que o PSDB mantém a coerência ao continuar com Lacerda. "Há poucos dias a presidente Dilma veio a BH e encheu o prefeito de elogios. Ele deixou de ser competente de sábado para cá?", alfinetou.
Ao registrar o pedido de candidatura ontem no TRE, o prefeito Marcio Lacerda preferiu crítica mais branda ao rival. "Quando disseram que Patrus poderia ser meu vice afirmei que o ex-ministro tinha gabarito para mais. Continuo o respeitando, mas quem está mais preparado para governar a cidade sou eu." Lacerda demonstrou novamente que vai tentar evitar o que chamou de nacionalização da disputa pela prefeitura da capital. "A eleição é local. A cidade precisa saber dos projetos, dos resultados, dos cumprimentos de metas."
Manifestação. O registro de Lacerda ontem no TRE foi tumultuado por servidores da Justiça Federal em greve por aumento de salário. Os funcionários tentaram obstruir a entrada do prefeito no prédio do tribunal. A polícia foi chamada para garantir a saída do prefeito, que usar a garagem do tribunal. Manifestantes também protestaram contra o governo federal na hora em que Patrus chegou para registrar a chapa.
Gastos de campanha
As campanhas de Marcio Lacerda (PSB) e do ex-ministro Patrus Ananias (PT) podem chegar a custar R$ 49 milhões. A do atual prefeito pode ser duas vezes e meia mais cara do que a previsão inicial da primeira disputa, em 2008. Conforme documentação entregue ontem pelo PSB ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), as despesas em 2012 serão de R$ 35 milhões, contra R$ 14 milhões em 2008. Ao longo da última campanha, no entanto, houve pedido ao tribunal para aumento do valor, que passou para R$ 19,5 milhões depois da aprovação da Corte. A chapa encabeçada por Patrus informou que os gastos na campanha chegarão a R$ 20 milhões.
FONTE: ESTADO DE MINAS
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