sexta-feira, 6 de julho de 2012

CPI convoca Cavendish, Pagot e Raul Filho

Requerimento para ouvir Paulo Preto gera queixas de tucanos, que queriam que ex-tesoureiro de Dilma também fosse chamado

Chico de Gois

BRASÍLIA . A CPI do Cachoeira aprovou ontem a convocação do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish; do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot; do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT); e da ex- mulher de Cachoeira Andréa Aprigio. Também foi convidado o ex-juiz do caso, Paulo Augusto Moreira Lima, da 11 Vara de Goiânia.

Os requerimentos foram votados em bloco e a aprovação foi unânime, com 28 votos. Raul Filho aparece em um vídeo, gravado por Cachoeira, negociando com o contraventor doação de caixa dois para sua campanha, em 2002, e eventual participação de empresas do grupo do bicheiro na administração. Ele havia se prontificado a comparecer à CPI.

A convocação de Cavendish foi motivo de queda de braço entre parlamentares que apoiam o governo e a oposição desde o início dos trabalhos da CPI, em maio. A oposição e parlamentares independentes, como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT), insistiam em levar Cavendish à CPI porque há gravações interceptadas pela Polícia Federal nas quais ele diz que compra parlamentares por R$ 6 milhões. Já deputados e senadores da base do governo evitavam a convocação por temerem que o depoimento dele virasse o foco da CPI para o governo federal.

Há cerca de duas semanas, os requerimentos para convocar o dono da Delta foram derrotados. Na ocasião, Miro Teixeira acusou parlamentares, sem citar nomes, de integrarem a "tropa do cheque". Ele também informou que alguns parlamentares haviam se encontrado em Paris com Cavendish. Um dos participantes do encontro foi o senador Ciro Nogueira (PP-PI), acompanhado da mulher, deputada Iracema Portela (PP-PI). Nogueira confirmou ser amigo de Cavendish. Ontem, ele não compareceu, mas Iracema foi favorável ao depoimento.

- Se não convocássemos o senhor Cavendish, não convocássemos o senhor Luiz Antônio Pagot, não convocássemos o senhor prefeito de Palmas, nós sepultaríamos esta CPI - disse Randolfe.

Também foi aprovada ontem a convocação do ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) de São Paulo, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. Em entrevista à revista "IstoÉ", o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot o acusou de pressionar por aditivos na obra do Rodoanel.

De acordo com o ex-diretor do Dnit, o dinheiro iria para o caixa dois da campanha do então candidato a presidente José Serra (PSDB). Pagot também contou ter sido procurado pelo então tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, deputado José de Filippi Júnior (PT-SP), para que lhe apresentasse empresas para contribuir com a campanha.

A convocação de Paulo Preto gerou bate-boca entre parlamentares de PT e PSDB. Os tucanos queriam que Filippi também fosse chamado a depor, mas o relator Odair Cunha (PT-MG) não aceitou incluí-lo, alegando que não havia indícios de que Filippi tivesse praticado algum crime.

- Não ouvir Filippi é adotar dois pesos e duas medidas. É uma desmoralização para esta CPI - reclamou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias.

FONTE: O GLOBO

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