Situação de 1,5 mil trabalhadores da unidade de São José dos Campos continua complicada, mas demissões estão suspensas até o dia 4
Cleide Silva, Gerson Monteiro
SÃO PAULO, S.J. DOS CAMPOS - A General Motors adiou para o início de agosto a decisão sobre o futuro da fábrica de automóveis em São José dos Campos (SP), mas a situação do 1,5 mil trabalhadores da unidade segue complicada. Dos quatro modelos fabricados até o mês passado, só restou um, o Classic que, sozinho, não deve sustentar a linha.
O diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, afirmou que a Meriva deixou de ser fabricada na semana passada e que ontem foi o último dia de produção do Corsa, informação escondida até então. A produção da Zafira já havia sido interrompida no dia 12.
O complexo de São José tem oito fábricas e produz também a picape S10, motores, peças e kits para exportação. No fim do ano, iniciará a produção da nova Blazer na linha da S10, mas é um utilitário de baixa demanda.
Em reunião ontem com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos, o secretário de relações do Ministério do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo, o representante do governo do Estado, Luiz Antonio Adriano, e o prefeito Eduardo Cury, ficou acertado que a empresa não fará demissões até o novo encontro entre as partes, no dia 4.
A pedido de Melo, empresa e sindicato devem apresentar propostas de viabilidade da fábrica. Três sugestões feitas pelos sindicalistas, de concentrar 100% da produção do Classic, de voltar a produzir caminhões e de fazer localmente o importado Sonic já foram descartadas pela GM.
O Classic também é feito em São Caetano do Sul (SP) e na Argentina e vendeu, no primeiro semestre, 54,2 mil unidades, 20% a menos que em igual período de 2011. Embora tenha dito que a GM "ainda não trabalha com a hipótese de demissões", Moan afirmou que, atualmente, não há novos projetos para a fábrica.
Segundo o executivo, desde 2008, a GM ofereceu três modelos para serem fabricados no Vale - os sedãs Cobalt e Cruze e o monovolume Spin (substituto da Meriva e da Zafira), além da expansão da fábrica de motores, mas, por falta de acordo com o sindicato, os investimentos foram para São Caetano.
Luiz Carlos Prates, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos, disse que a empresa é que é inflexível nas negociações. "Eles querem maximizar o lucro e não estão olhando o lado dos trabalhadores." Segundo a entidade, os cortes na fábrica podem atingir 2 mil funcionários.
Pressão. Com o impasse, os funcionários continuam na expectativa pelo futuro. "Estamos trabalhando na pressão total, não estamos mais vivendo", comentou um montador que pediu para não ter o nome publicado. "Não posso perder esse emprego, mas estou vendo que não vai ter jeito", disse outro do setor que deve ser fechado.
Ontem, a fábrica de São José funcionou normalmente, com os 7,5 mil funcionários retornando ao trabalho, após um dia de licença remunerada dado pela GM, que temia uma ocupação da fábrica por sindicalistas.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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