domingo, 17 de fevereiro de 2013

Marina lança partido e admite candidatura a presidente em 2014

Batizada de REDE, a legenda não se define como governo nem oposição

Evandro Éboli, Cristiane Jungblut

-Brasília- A ex-senadora Marina Silva lançou ontem, num encontro que reuniu cerca de mil pessoas, as bases do seu partido, o Rede Sustentabilidade, que ganhou o nome fantasia de apenas REDE. A legenda não se apresenta como governo ou oposição, e já lança Marina como sua candidata a presidente da República em 2014.

N-em oposição nem situação em relação ao governo Dilma. Assumo posições. Se a presidente estiver fazendo algo de bom para o país, para o Brasil, nossa posição é favorável. Se estiver contra o Código (Florestal), nossa posição é contrária — disse Marina, sob aplausos.

Coube à ex-senadora Heloísa Helena puxar o coro pela candidatura de Marina. Foi seguida por gritos de "Brasil urgente, Marina presidente!"! Marina admitiu a possibilidade de voltar a se candidatar.

- Encaro a possibilidade de minha candidatura. Por enquanto, é apenas uma possibilidade (ser candidata em 2014). Mas não vamos repetir 2010, foi um momento único — disse Marina, que recebeu 20 milhões de votos naquela eleição, que disputou pelo PV.

Perguntada se seria candidata mesmo que a criação da REDE não se consolide para 2014, Marina não quis dizer se tentaria aderir a outro partido.

Estatuto muda para excluir veto à adesão de fichas sujas

Marina diz que partido não terá "comportamento de manada"

-Brasília- O partido que se lançou como uma inovação da política preferiu excluir do seu estatuto um veto que havia sido colocado a fichas sujas. A barreira foi retirada do texto sob alegação de que impediria filiação à REDE de lideranças de movimentos sociais, do campo e da cidade, que, por suas lutas, respondem a processos judiciais.

- Há lideranças presas injustamente e que poderão ser aceitas (no partido) — disse o advogado André Lima, coordenador jurídico do movimento.

Mas para o filiado que for disputar eleições ou ocupar cargos de direção do partido, além de ter outras obrigações, será sim exigido que não tenha problemas na justiça.

- É uma de nossas bandeiras — afirmou Lima.

Marina Silva disse que o novo partido não deve ter "comportamento de manada"," que o movimento deve ser maior do que a nova sigla e que não se pode ser ingênuo de apenas acreditar que haverá mudanças. Ela afirmou ainda que fará alianças com todos aqueles com quem tiver coerência programática. Segundo ela, dentro do partido há posições diferentes sobre vários temas, como a questão da maconha. Marina disse que era contra a liberalização da droga e que outros integrantes eram a favor.

Marina negou o esvaziamento da nova sigla. Porém, um de seus principais apoiadores, o senador Eduardo Suplicy (PT- SP), só participou do encerramento do ato, que já estava esvaziado.

- Não há dificuldade, não há um recrutamento de parlamentares. Após este momento de criação de Rede, a coordenação nacional fará as conversas. Queremos, de fato, quebrar esse monopólio — disse ela.

Numa conversa com os presentes, Marina disse que não se trata de mais um partido cujo objetivo seja participar apenas de eleições.

- Não pode ser um partido apenas para disputar eleição. Estamos disputando uma nova visão de mundo. É sermos protagonistas, não apenas espectadores da política — disse Marina, que afirmou existir uma crise na civilização.

Uma das novidades é garantir 30% das vagas da REDE para líderes de movimentos que não têm filiação partidária, co¬mo um candidato independente. A REDE terá um registro provisório, de 101 assinaturas. Para o registro definitivo, será preciso obter 500 mil assinaturas até outubro.

O partido foi criado com uma festa lembrando as assembleias de movimentos sociais. Ao final, os participantes se uniram por meio de fitas coloridas, chutaram para o alto uma bola gigante que simbolizava o planeta terra, aos gritos de REDE!

Fonte: O Globo

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