Assim como na Assembleia, vereadores, eleitos há apenas quatro meses, já miram voos mais altos daqui a dois anos
Débora Duque
Eles disputaram a última eleição há somente quatro meses, mas já planejam interromper o mandato para alçar voos mais altos. Muitos dos 39 vereadores do Recife pretendem concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal em 2014. Como as eleições no Brasil são bienais, o trampolim político já virou tradição nos legislativos Brasil afora e é encarado com naturalidade pelos vereadores. Já pensando no desafio seguinte, alguns fizeram jornada dupla na última campanha com o objetivo de cultivar bases eleitorais também em outras cidades.
Foi o caso, por exemplo, do vereador André Ferreira (PMDB) que, no ano passado, repetiu a façanha de 2008 e conseguiu ser novamente o campeão de votos para a Câmara. Durante a última campanha, no entanto, ele precisou se dividir entre as atividades no Recife e a ajuda na eleição de prefeitos e vereadores em outros municípios da Região Metropolitana e da Mata Sul. São nessas áreas que ele trabalha para conseguir respaldo suficiente para galgar uma vaga como deputado estadual daqui a dois anos. Para tanto, fará dobradinha com o irmão Anderson Ferreira (PR), que tentará renovar seu mandato na Câmara Federal, e buscará, ao mesmo tempo, herdar os votos do pai, o ex-deputado Manoel Ferreira (PR). "Disputei no ano passado com esse planejamento. Com a ajuda do meu irmão, consegui associar a campanha de vereador com a campanha de alguns grupos em outras cidades. A gente não pode ter voto só no Recife", afirmou.
Da larga bancada governista, outros integrantes também têm planos de abandonar a Câmara pós-2014. Entre eles, Augusto Carreras (PV), Edmar de Oliveira (PHS), Jadeval de Lima (PTN) e o novato Wilton Brito (PHS). As interrogações pairam sobre Antônio Luiz Neto (PTB), o segundo mais votado na última eleição, e Gilberto Alves (PTN), líder do governo. No caso do primeiro, especula-se que o petebista poderia aproveitar o "recall" como presidente de um clube de futebol, o Santa Cruz. Aos colegas, porém, ele faz mistério e nunca confirmou se pretende mesmo concorrer. Já Gilberto diz que sua situação ainda está sendo indefinida. "Não é minha praia terminar uma eleição e já pensar em outra", comentou. Vicente André Gomes (PSB), atual presidente da Câmara, garantiu que está fora da disputa e que este seria seu último mandato. "Já cumpri meu dever na vida pública", resumiu.
Entre os petistas, o cenário ainda é obscuro devido as indefinições do próprio partido, que saiu rachado e enfraquecido do pleito municipal. Os únicos que alimentam a esperança de disputar uma vaga na Assembleia é Jurandir Liberal e Jairo Britto. O destino deste último vai depender do futuro político do seu cunhado e padrinho político, o ex-prefeito João da Costa (PT). É possível que se o ex-gestor resolver participar da corrida para a Câmara Federal, Britto tenha que se contentar com seu atual cargo.
Outro lado
Com apenas quatro vereadores, a enxuta bancada de oposição tem três de seus membros com foco além do legislativo municipal. A líder do bloco, Aline Mariano (PSDB), prepara sua campanha para deputada estadual. Sua intenção é apresentar-se, em 2014, como uma candidata de raízes urbanas mas com os pés no Sertão do Pajeú, base política do pai, o ex-deputado Antônio Mariano. "Ele foi deputado lá por seis anos. Já fui vereadora em Afogados da Ingazeira e percebo que a região está órfã de um representante", contou.
Sua companheira de bancada Priscila Krause (DEM) estuda a possibilidade de disputar, mais uma vez, uma vaga na Assembleia, mas a opção pela Câmara Federal ainda não está descartada. Já Raul Jungmann (PPS) planeja interromper seu primeiro mandato como vereador para voltar a exercer o cargo de deputado federal, função que deixou em 2010 para disputar, sem êxito, o Senado.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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