Pelo menos seis deputados estaduais trabalham com a possibilidade de tentar uma vaga na Câmara Federal daqui a dois anos
Ayrton Maciel
O ano de 2014 já está à porta. Como política se faz pensando no futuro, e não no agora, o ano legislativo de 2013 - na Assembleia Estadual - começou há apenas 10 dias, tempo suficiente para deputados já se movimentarem visando a construir suas candidaturas à Câmara Federal no próximo ano. Seis parlamentares estão na relação da "rádio corredor" da Assembleia, a emissora imaginária que dá nome aos cochichos de bastidores do Legislativo: Daniel Coelho (PSDB), André Campos (PT), Sílvio Costa Filho (PTB), João Fernando Coutinho (PSB), Sebastião Oliveira (PR) e Betinho Gomes (PSDB). A maioria confirma, mas há quem admita a disposição condicionando a alguma pré-condição. E há quem tenha desistido, optando pela reeleição, como Isaltino Nascimento (PT), que está licenciado do mandato por ser o secretário estadual de Transportes.
Com o prestígio em alta, depois da performance na eleição para prefeito do Recife em 2012, quando ficou em segundo lugar, Daniel Coelho está recebendo uma tarefa do partido, que é a de ajudar a dobrar a bancada federal do PSDB, hoje só com os deputados Sérgio Guerra e Bruno Araújo. Sem reticência para reconhecer a candidatura, Daniel revela que o partido aposta em seu nome para conquistar uma boa votação na Região Metropolitana, puxando até uma quarta vaga à Câmara, fortalecendo a legenda, o candidato presidencial - possivelmente Aécio neves (MG) - e, eventualmente, um nome a governador. "Há uma conversa no PSDB de que é importante ampliar nossa bancada e meu nome possibilitaria isso", justifica Daniel.
Igualmente decididos a partir para a Câmara Federal, Sílvio Costa Filho e André Campos afirmam que está na hora de contribuir com temas nacionais, projeto que estão construindo desde as eleições de 2010. André nega que tenha se abatido após a derrota eleitoral e enfraquecimento do PT do Recife. "Meu projeto é esse. Trabalho para isso. Em 2010, no interior, já fiz campanha determinado. Está definido", declara. O contrário decidiu Isaltino Nascimento, que nega ter sido motivado pelo racha e queda do PT. "Dei uma reavaliada. Circulei pouco no interior, não construi espaço suficiente para disputar. Adiei o projeto para 2018. O foco é a reeleição", acrescenta.
Tendo o pai, Sílvio Costa (PTB), no segundo mandato, Sílvio Costa Filho revela que já trabalha para a Câmara Federal e não está descartado que ambos possam estar na disputa, uma vez que cada um teria estilo e eleitorado distintos. Há, todavia, a possibilidade de "Sílvio pai" abrir mão da Câmara e disputar seu retorno à Assembleia, facilitando o caminho para o filho. "Em 2010, o deputado Sílvio Costa teve 80 mil votos para federal e eu tive 82 mil. Dessa votação, só 35% foi conjunta. Os 65% foram independentes. Quero contribuir agora com pautas para o Brasil", diz Sílvio Filho.
Tido como candidato certo à Câmara, o primeiro secretário da Assembleia, João Fernando Coutinho (PSB), declara-se um "soldado" do partido, fiel às decisões partidárias, por isso, prefere dizer que "o nome está à disposição", mas a decisão será coletiva. "Os aliados têm cogitado minha candidatura. A decisão será do PSB, não será pessoal. Agora, quero ajudar o governo (estadual) a vencer essa fase difícil da economia e atender minhas bases", pondera.
O caso do tucano Betinho Gomes é peculiar. O deputado admite que "tem surgido essa especulação", mas que está trabalhando como foco na reeleição estadual. A questão é que candidatura está condicionado a uma desistência, que seria a do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. Recuperando-se de problemas de saúde, Guerra, no partido, teria dito que é candidato à reeleição "em qualquer hipótese", mas, publicamente, ainda não se pronunciou. Se Sérgio não for candidato, Betinho entraria na disputa.
Nos corredores, é apontado como candidato Sebastião Oliveira (PR), sobrinho do deputado federal Inocêncio Oliveira (PR). A alguns parlamentares, todavia, demonstra indecisão, o que acendeu especulações sobre sua real disposição. Único deputado do PMDB, Gustavo Negromonte descarta a possibilidade de ir para a Câmara. As chances seriam reduzidas com as atuais condições do partido, que tem como único deputado federal Raul Henry, candidato à reeleição.
Em 2010, só um estadual - Augusto Coutinho (DEM) - foi candidato e elegeu-se federal. Quatro anos antes, Sílvio Costa, Bruno Araújo (PSDB) e Bruno Rodrigues (ex-PSDB) se elegeram.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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