Antes defensor da divisão igualitária dos royalties, governador ameniza discurso em favor de Estados produtores, caso do RJ
Débora Duque
Depois de se lançar como um dos arautos da revisão do "pacto federativo", o governador Eduardo Campos (PSB) resolveu colocar-se como porta-voz do debate sobre outra pauta de alcance nacional: a divisão dos recursos dos royalties do petróleo. Embora tenha assistido de forma silenciosa à derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional e à ameaça de se judiciar a questão por parte dos governantes dos Estados produtores, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, Eduardo se movimenta, agora, para chefiar as negociações que permitam firmar um consenso antes que o tema chegue à mesa do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ontem, em Brasília, o socialista voltou a defender publicamente a proposta apresentada na terça-feira (12) durante a reunião com governadores. Para por fim ao embate entre produtores e não produtores, ele sugere que não se alterem os critérios de repartição dos recursos oriundos dos campos já explorados, o que atende ao primeiro bloco. A ideia, no entanto, já havia sido defendida pelo governo federal, anteriormente, e por representantes do Rio, maior prejudicado com as mudanças. "Vou militar em torno dessa crença para ajudar a baixar a temperatura, o diálogo se dar de maneira civilizada, tranquila. Ninguém vai levar isso no grito, na marra", disse à Agência Estado.
Porém, no princípio da polêmica, em 2011, Eduardo, ao lado de outros governadores de Estados não produtores, como Cid Gomes (PSB-CE), foi um dos que inflamou o debate em favor de um rateio equilibrado das atuais verbas do pré-sal. Esse fato, inclusive, foi lembrado ontem por deputados estaduais do Rio que, por meio de nota, disseram "estranhar" a mudança de postura do socialista. "Provoca estranheza que Eduardo Campos não tenha adotado esse discurso há 15 dias, quando o Congresso se preparava para votar o veto", diz o texto, atribuindo o recuo do governador a "motivos de ordem política e eleitoral".
De modo discreto, Eduardo começou a moderar o discurso em relação à divisão dos royalties em outubro, propondo a alteração das regras de distribuição apenas nos contratos futuros e, em contrapartida, a garantia por parte da União de contemplar, desde já, Estados não produtores com novas receitas. Ontem, ele negou que seu protagonismo nesse debate faça parte de uma estratégia para ganhar visibilidade em ano pré-eleitoral. Porém, se mantivesse a defesa radical da redistribuição imediata dos royalties entre não produtores, o socialista enfrentaria desgastes no Rio, Espírito Santo e São Paulo, líderes na produção do pré-sal.
Hoje, inclusive, ele participa de um evento da Petrobrás no Rio e, em seguida, de um almoço com diretores da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC). Amanhã, dá sequência à sua agenda nacional em São Paulo, onde se encontrará com representantes do Instituto Nacional do Varejo.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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