Raphael Di Cunto
SÃO PAULO - Depois de procurarem o empresariado de São Paulo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidatos à Presidência em 2014, irão em busca do apoio dos prefeitos paulistas com o discurso da revisão do pacto federativo, no 57º Congresso da Associação Paulista dos Municípios (APM) que começa hoje em Santos (SP).
"É importante que essas lideranças políticas que têm força no cenário nacional estejam ao lado dos municípios", afirma o deputado estadual Celso Giglio (PSDB), presidente da APM e ex-prefeito de Osasco.
Giglio critica a "falta de equilíbrio" na arrecadação de impostos, que deixa a União com a maior fatia do bolo, e cobra uma repactuação dos entes federativos. "Começou com os Estados reclamando da distribuição do FPE [Fundo de Participação dos Estados], e os prefeitos das capitais também entraram na briga para rever o repasse aos municípios. É o momento de retomarmos a discussão do pacto federativo", defende Giglio.
Essa rediscussão tem sido a bandeira de Aécio e Campos para se contrapor à presidente Dilma Rousseff, posta como vilã por estar no comando governo federal, que seria o responsável por manter a dissimetria. O discurso moldado para o fortalecimento dos municípios é a estratégia de ambos para buscar espaço junto aos prefeitos paulistas, importantes cabos eleitorais em 2014.
Esse apoio é imprescindível para difundir o nome dos dois em São Paulo, onde têm dificuldade de montar palanques. Campos, pela falta de força do PSB no Sudeste. Aécio, pela desconfiança que causa nos grupos de Alckmin e do ex-governador José Serra (PSDB) pela falta de apoio que deu às candidaturas de ambos à Presidência em 2006 e 2010, respectivamente.
Aécio e Campos discursarão na sexta-feira no evento, que tem expectativa de reunir 1,5 mil pessoas por dia. O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), convidou o pernambucano há dois meses para divulgar o modelo de gestão adotado em Pernambuco, de corte de custos para tornar a máquina pública mais eficiente. Aécio debaterá com o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Antes deles, as estrelas serão os pré-candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. O ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, falará amanhã sobre "a importância do fortalecimento do municipalismo". Kassab foi vice-presidente da APM e já estrutura a montagem da chapa proporcional.
Na quinta-feira, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), debaterá com o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), discutirá com o secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, na sexta-feira. Os dois petistas disputam internamente a indicação do partido para concorrer ao governo do Estado.
Além de Mercadante e Padilha, o evento terá a presença de outros cinco ministros. O PT, porém, está fora da organização - o partido não participa da APM, controlada por aliados de Alckmin, e realiza seu próprio evento, a Marcha Paulista em Defesa dos Municípios.
Candidato à reeleição, Alckmin prepara um chamariz a mais para conquistar os prefeitos. Na cerimônia de encerramento, no sábado, o tucano anunciará pacote de ações para os 97 municípios mais carentes do Estado, em uma extensão do programa São Paulo Solidário, que pretende, em parceria com o governo federal, tirar da miséria a população que vive abaixo da linha de extrema pobreza. Há duas semanas, o governador já fez uma reunião para anunciar investimentos nos municípios.
Fonte: Valor Econômico
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