.Pesquisa com 138 itens mostra que apenas 11 reduziram preços dentro da meta do governo
Superintendente da Amis afirma que desoneração chega entre 30 e 60 dias
Paulo Nascimento
Mais de três semanas se passaram desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou a desoneração integral dos impostos federais sobre os itens da cesta básica, mas, até agora, o consumidor não foi integralmente beneficiado. Os preços praticados pelos estabelecimentos de Belo Horizonte e região metropolitana ainda não caíram no patamar estimado pelo governo, de 10%. O site Mercado Mineiro pesquisou valores de 138 produtos que compõem a cesta básica e verificou que apenas 11 deles tiveram redução dentro ou acima da meta anunciada pela presidente.
O quilo da fraldinha caiu 11,6% no período. Já a alcatra teve queda de 12,44%. No entanto, a oscilação é decorrente do período de quaresma, quando, tradicionalmente, os preços sofrem essa redução no mercado. "Infelizmente, os frigoríficos não repassam os valores. A decisão é só `fachada´, e fica só no papel", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes, Derivados Frios, Casas de Carnes e Congêneres de Minas Gerais (Sindicarne), Ronaldo Pinheiro.
Já 65 produtos tiveram alta, segundo a pesquisa do site. O quilo do feijão carioca teve reajuste de 10,69%, enquanto o repolho chegou a dobrar de valor.
A pesquisa mostra redução de preços modesta em alguns itens importantes. O pacote de 5 kg de arroz, por exemplo, barateou apenas 2,52%, com o preço médio indo de R$ 12,72 para R$ 12,40. "Precisamos de boa vontade por parte dos empresários para que eles repassem a redução do imposto, na íntegra, para o preço final. E o consumidor, por sua vez, deve questionar os valores e cobrar dos estabelecimentos a redução", reforça o diretor do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. A pesquisa foi realizada em 11 supermercados, 22 açougues, 8 sacolões e 25 padarias da capital e região. "O consumidor tem o argumento do governo", completa Abreu.
Para as entidades que representam o setor, as explicações são diversas. "Não é uma conta simples, visto o emaranhado do sistema tributário brasileiro. Cada produto tem uma lógica de tributação diferente, mas estamos alinhando nossos associados em relação a isso" diz o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues.
Ele frisa que há uma fórmula específica que os supermercados devem trabalhar para calcular os preços. "Entre 30 e 60 dias, os itens serão completamente desonerados nos estabelecimentos", atesta o superintendente da Amis.
Preço do pão também subiu
A pesquisa do Mercado Mineiro também identificou alta no preço dos pães francês (2,24%) e de forma (8,97%). O presidente do Sindicato da Indústria da Panificação de Minas Gerais (Sip-MG), José Batista de Oliveira, diz que as empresas que operam no Simples Nacional 95% do mercado da panificação teriam que alterar a Lei Complementar 123, que assegura a arrecadação do PIS e do Cofins, para repassarem a desoneração.
Mercado aposta em inflação alta
A projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013 foi mantida em 5,71%, na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central ontem. Há quatro semanas, a estimativa estava em 5,70%. Para 2014, a projeção subiu pela terceira semana consecutiva, passando de 5,60% para 5,68%. Há quatro semanas, estava em 5,50%.
A projeção de alta da inflação para os próximos 12 meses subiu de 5,42% para 5,43%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 5,62%. Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2013 no cenário de médio prazo subiu de 5,72% para 5,79%.
Para 2014, a previsão dos cinco analistas segue em 6,05%. Há um mês, o grupo apostava em altas de 5,57% e de 6,20% para cada ano,
Fonte: O Tempo (MG)
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