Não ficou claro se havia ligação entre os eventos, mas as tensões políticas têm sido intensas na Itália
ROMA - Dois policiais paramilitares foram bealeados do lado de fora do escritório do primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, no momento em que o novo líder era empossado a cerca de um quilômetro de distância. Um deles foi atingido no pescoço e está em estado grave. O outro se feriu na perna.
Luigi Preiti, de cerca de 40 anos, de Calabria, no sul do país, foi detido. Segundo as autoridades, após disparar contra os dois policiais, ele teria gritado: "Atirem em mim".
- Parece ser um inicidente isolado - disse o recém-empossado ministro do Interior, Angelino Alfano. - Um exame inicial do incidente sugere que isso pode ser considerado um ato isolado - declarou Alfano a repórteres, adicionando que outras verificações estavam sendo realizadas. Ele disse que não há motivo para preocupação para a situação geral de segurança na Itália, mas que medidas de proteção foram instauradas em potenciais alvos.
O tiroteio aconteceu quando Enrico Letta e seu gabinete faziam juramento, neste domingo, no gabinete presidencial do Quirinal, depois de ter firmado um acordo de coalizão entre as forças de centro-esquerda e o bloco conservador do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Não ficou claro se havia ligação entre os eventos, mas as tensões políticas têm sido intensas na Itália.
- Não foi um ato de terrorismo, mas certamente o clima nos últimos meses não ajudou - disse o prefeito de Roma, Gianni Alemanno.
Novo governo
O político italiano de centro-esquerda Enrico Letta nomeou um governo de coalizão neste sábado, transformando um dos aliados mais próximos de Silvio Berlusconi, Angelino Alfano, em vice-primeiro-ministro e acabando com dois meses de impasse político.
Letta disse que suas prioridades serão a economia, o desemprego e a restauração da confiança nas instituições da Itália, assim como a tentativa de afastar a Europa da austeridade para focar em mais crescimento e investimento.
Uma eleição inconclusiva em fevereiro deixou a Itália, a terceira maior economia da zona do euro, sem um governo efetivo, ameaçando a confiança dos investidores e freando os esforços para acabar com uma recessão que deve se tornar a mais longa desde a Segunda Guerra Mundial.
Letta, 46 anos e vice-líder do Partido Democrático de centro-esquerda (PD), disse que sentiu uma "sóbria satisfação", após três dias de negociações com os partidos rivais resultarem em um governo que inclui um número recorde de ministras e poucos políticos de grande popularidade.
"Espero que este governo possa começar a trabalhar rapidamente no espírito de cooperação fervorosa e sem qualquer preconceito ou conflito", disse o presidente, Giorgio Napolitano, a repórteres.
O líder do partido anti-establishment Movimento 5 Estrelas, Beppe Grilho, rejeitou unir-se a um governo que classificou de "limitado e incestuoso", dada a relação entre Letta e seu tio Gianni Letta, chefe de longa data do gabinete de Berlusconi.
O secretário do PDL, Angelino Alfano, será vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, dando a centro-direita uma voz poderosa.
Mas por outro lado os grandes ministérios serão dominados por políticos menos populares ou tecnocratas, o que poderia limitar o poder de Letta para aprovar medidas impopulares, além de deixar um poderoso papel nos bastidores para Berlusconi, que não vai se juntar ao governo.
O novo gabinete, que Letta disse que terá um número recorde de mulheres, foi empossado neste domingo.
O presidente Napolitano pediu a Letta para tentar formar um governo depois de uma semana tensa na qual o líder do partido PD, Pier Luigi, foi forçado a renunciar por um motim de facções.
O diretor-geral do Banco da Itália, Fabrizio Saccomannim, será o novo ministro da Economia.
Anna Maria Cancellieri, uma ex-autoridade da polícia que foi ministra do Interior no governo Monti, vai liderar o ministério da Justiça, e o Ministério do Trabalho será conduzido por Enrico Giovannini, presidente da agência de estatísticas ISTAT.
A ex-comissária europeia Emma Bonino será a primeira mulher a tornar-se ministra do Exterior e Cecile Kyenge, nascida no Congo e nomeada ministra da Integração, será a primeira ministra negra do país, de acordo com o jornal Corriere della Sera.
Fonte: O Globo
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