“Mais que um estado de espírito a esquerda é uma força política, um fator de organização. Por isso, precisa sempre agir para frear a desilusão social com a política: recriar o modo de pensar e praticar a política, os partidos, os movimentos, as instituições representativas. Para ela, participação e representação , ação e institucionalização, movimento e gestão, “guerra” e “posição” não são termos antitéticos , mas complementares. Caminhos por fora da legalidade institucional não se mostram capazes de fazer com que as reformas avancem, mas o puro jogo parlamentar e eleitoral é limitado demais. A democracia – com seus tempos longos, suas regras, seu pluralismo, seus conflitos – continua a ser o principal companheiro de viagem da esquerda, sua primeira e mais importante pele, o núcleo do seu projeto.
Se aqueles que desejam a democracia e a sociedade igualitária não souberem fazer a crítica da política e dos políticos, não os confrontarem e não os pressionarem para um exercício sério de renovação e superação, e ao mesmo tempo não lutarem para aproximar os que pensam de modo diferente, mas querem coisas parecidas, então terão muito pouco a fazer e a oferecer.”
Cf. Marco Aurélio Nogueira, “A esquerda e a política diante do século XXI”, in O que é ser esquerda hoje?, org. Francisco Inácio Almeida, edits. Contraponto e Fundação A. Pereira, Rio de Janeiro-Brasília, 2013, p.116.
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