A sequência de más notícias na economia parece não ser suficiente para tirar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, da redoma em que se encontra, como revelou a entrevista concedida pelo fiel escudeiro da presidente Dilma Rousseff a este jornal no último dia 6. Motivo de piada internacional por suas previsões furadas sobre uma fantasiosa recuperação dos indicadores econômicos do país, tendo chegado a projetar crescimento de 4,5% em 2012, o ministro garante que o governo “jamais deixará que a inflação ultrapasse a meta”.
E que, apesar dos números pífios apresentados pela indústria, está “fazendo milagres” no setor, entre outras platitudes. Um banho de realidade faria bem ao ministro Mantega, que nem precisaria sair de seu gabinete para ter contato com o Brasil real. Caso telefonasse para os diretores dos principais bancos e consultorias do país, com quem os governos de Lula e Dilma sempre mantiveram as melhores relações, o ministro saberia que a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 3% em 2013 já não é mais endossada pelo mercado. Segundo reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” no último sábado (4), o Bradesco, por exemplo, hoje já trabalha com uma expectativa de alta de apenas 2,8%. OHSBC projeta 2,6%.
A Tendências Consultoria, 2,8% ou 2,9%. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) calcula 2,7%. A MB Associados, a Rosenberg&Associados e o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), por sua vez, estimam uma expansão de raquíticos 2,5% do Produto Interno Bruto . É emblemático que este cenário desalentador seja traçado justamente pelos bancos, que lucraram como em nenhum outro momento da história brasileira durante os dez anos de governos do PT.
Curiosidade à parte, o fato é que a revisão para baixo das projeções de crescimento do PIB reflete o desânimo geral com os números relativos ao primeiro trimestre. Em abril, de acordo com o próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o déficit comercial do país foi de US$ 994 milhões, o pior resultado da história para o mês. No ano, o tombo já alcança US$ 6,150 bilhões. O que a presidente da República e sua equipe econômica não reconhecem é que o governo do PT, ainda sob Lula, fez uma opção equivocada pelo consumo, ao invés de ampliar os investimentos e desenvolver nossa capacidade industrial no momento em que o mundo passava por um período de prosperidade.
Ao escolherem, à época, o caminho mais fácil do populismo, os petistas condenaram o país ao atoleiro em que se encontra atualmente, sofrendo com a desindustrialização, uma infraestrutura precária, recordes de déficits comerciais e o aumento da pressão inflacionária. Ao contrário do que pregam Dilma e Mantega, o Brasil não tem feito nenhum “milagre” para sair do buraco. Ao contrário: via de regra, o governo demora a agir e, quando o faz, a emenda geralmente sai pior que o soneto. Ao que tudo indica, caso se confirmem as novas projeções do mercado, o Brasil edulcorado pela fantasia da propaganda petista infelizmente estará condenado a uma reedição do “Pibinho”.
Deputado federal por SãoPaulo e presidente nacional da Mobilização Democrática (MD)
Fonte: Brasil Econômico
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