Caciques peemedebistas se reúnem com Dilma em busca de uma solução para resolver os problemas de relacionamento na aliança com o PT e no Congresso
Paulo de Tarso Lyra
Afagos para barrar crisetruePrincipal aliado da base governista, mas com potencial para complicar o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, o PMDB deve reunir hoje sua cúpula com a própria Dilma para uma análise dos problemas detectados nas últimas semanas na relação entre eles. Dilma estará reunida com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), da Câmara, Henrique Alves e com o vice-presidente Michel Temer.
Não será esta a primeira vez que a presidente se vê obrigada a afagar seu fiel escudeiro. No ano passado, quando resolveu destituir Romero Jucá (PMDB-RR) do posto de líder do governo no Senado, colocando em seu lugar o senador Eduardo Braga (AM), ela teve que promover um jantar com os caciques do partido para não deixar a imagem que estaria fazendo uma desfeita. Braga integrava o chamado G8, grupo de senadores que incluía ainda Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) e Roberto Requião (PR), dentre outros, independentes em relação ao Planalto e ao comando partidário.
A relação, no entanto, sempre foi conflituosa. O momento atual, agravado pela vitória épica na MP dos Portos — na qual uma emenda do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), quase pôs tudo a perder — e pela recusa do presidente do Senado, Renan Calheiros, em colocar em votação a medida provisória que criava um fundo para compensar as concessionárias de energia pela diminuição das contas de luz, é mais um capítulo desastroso no casamento entre o PT e o PMDB.
Na verdade, o cenário descompensado de agora potencializa problemas que se acumulam há tempos. O PMDB, por exemplo, jamais esqueceu o fato de que, entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o governo Dilma, ele simplesmente encolheu. "Tínhamos o Ministério da Saúde e a Integração Nacional, pasta com capilaridade e dinheiro. Hoje, temos o Turismo com 70% do orçamento contingenciado, e a Agricultura que se acotovela com o Ministério do Desenvolvimento Agrário na elaboração de políticas públicas para o setor", reclama um cacique peemedebista. "Oitenta por cento de nós defende a reeleição de Dilma. Mas 100% quer ser reeleito. É fundamental compatibilizar as duas coisas", completou outra liderança do PMDB.
Pela divisão de tarefas, a expectativa é que Renan exponha os problemas enfrentados com o PMDB no Senado; Henrique com o PMDB na Câmara; e Temer, as queixas gerais do partido. Eleito pela própria Dilma como porta-voz do partido junto ao Planalto, o vice-presidente tem sido visto com desconfiança pelos próprios correligionários ultimamente. Ele estaria sendo acusado de ser mais "governista do que peemedebista" nas negociações com o Planalto. "Renan e Henrique, se forem questionados, poderão também opinar sobre o comportamento da base aliada. Mas tem tanto problema em relação ao PMDB, que isso deve ficar para outra reunião", ironizou um cacique do partido.
Fonte: Correio Braziliense
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