Cristiane Agostine
SÃO PAULO - Vice-presidente da Caixa Econômica Federal e presidente do diretório do PMDB da Bahia, Geddel Vieira Lima colocou em xeque a manutenção da aliança de seu partido com o PT da presidente Dilma Rousseff em 2014. Segundo Geddel, não há "convicção" dentro do PMDB sobre o apoio à reeleição da presidente. O pemedebista disse que os diretórios da legenda nos Estados sentem-se alijados da articulação nacional com os petistas e afirmou que Dilma deve enfrentar dificuldades nos palanques regionais.
Na Bahia, Geddel negocia sua pré-candidatura ao governo estadual com o PSDB, DEM e MD. O pemedebista deve ser o principal opositor ao candidato lançado pelo governador Jaques Wagner (PT).
Além da Bahia, o apoio ao PT é contestado pelos diretórios pemedebistas do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Pernambuco.
"Não dá para subestimar os conflitos entre o PT e o PMDB nos Estados", disse Geddel ao Valor. "O quadro está confuso em função das disputas regionais", afirmou o dirigente. Os reflexos dessa crise poderão ser sentidos na convenção nacional do PMDB no próximo ano, quando o partido decidirá sobre a aliança com Dilma. Os Estados resistentes ao apoio são os que mais têm delegados com direito a voto na convenção.
Pemedebista próximo ao vice-presidente da República, Michel Temer, Geddel afirmou que o quadro dentro do PMDB está "muito confuso". "Você não tem sequer a convicção, hoje, de que a aliança [com Dilma] seria renovada", disse, em entrevista concedida na semana passada à "Rádio Tudo FM", da Bahia.
Ao mesmo tempo em que destacou a dificuldade enfrentada entre PT e PMDB, o dirigente pemedebista elogiou os pré-candidatos presidenciais da oposição. Geddel classificou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como "dois quadros de uma nova geração política, extremamente bem sucedidos, tanto no campo político quanto no administrativo". Sobre a ex-senadora Marina Silva disse que é uma "grande mulher".
Na entrevista à rádio, o dirigente afirmou que o PT poderá enfrentar nas próximas eleições o risco da "fadiga do material", já que o partido completará 12 anos na Presidência da República. Com isso, disse, poderá ser reforçado na população o sentimento de "mudança".
Geddel apontou outro problema: a economia. "Se as pessoas começam a sentir que o emprego já não está tão farto, que o crédito já não é tão grande, que tinha um poder aquisitivo e a renda diminuiu com a inflação, é claro que vai ter efeito eleitoral", disse, à rádio.
Ex-ministro da Integração Nacional entre 2007 e 2010, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e integrante da gestão Dilma, o pemedebista disse não se sentir constrangido em articular sua candidatura ao Estado com apoio de opositores ao governo federal. "Não há nenhum constrangimento. Nenhum", reforçou. O pemedebista tenta construir uma "unidade clara da oposição" já no primeiro turno e espera obter em breve o apoio do DEM do prefeito de Salvador, ACM Neto.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário