Agora é o mundo todo que percebe o que os brasileiros veem todos os dias: a gestão da nossa economia é caótica, temerária, irresponsável. Não são apenas investidores que estão ressabiados. É também o brasileiro comum, que vê seu dinheiro acabar antes do fim do mês e as perspectivas turvarem-se, sem conseguir enxergar no governo de turno a capacidade necessária para superar o momento de dificuldades. O país enfrenta uma crise de confiança.
Até pouco tempo atrás, o Brasil esteve às voltas com problemas internos, decorrentes da incompetência do governo Dilma em resolver os entraves que dificultam o desenvolvimento do país. Mas, de alguns dias para cá, a situação mudou. Agora, é o mundo todo que percebe o que os brasileiros veem todos os dias: a gestão da nossa economia é caótica, temerária, irresponsável. O país enfrenta uma crise de confiança.
A onda de más notícias vem se avolumando nas últimas semanas. É o pibinho, a inflação nas alturas, os juros em alta, o dólar em escalada, o rombo na balança comercial, o déficit nas contas externas, a completa balbúrdia na gestão das contas públicas.
A este caldo de maus resultados, o governo da presidente deu de ombros. Manteve-se descuidado com os interesses do país, dedicando-se de maneira excessiva e extemporânea a uma disputa eleitoral cujo desfecho só se dará daqui a mais de 15 meses. Parece ter dado de barato que o terreno até lá estaria aplainado, mas derrapou na primeira curva que apareceu.
O caldo indigesto engrossou com o anúncio da perspectiva de rebaixamento da nota de crédito do país pela Standard & Poor's, feito na semana passada. E ficou ainda mais apimentado com a percepção, trazida pelo Datafolha, de que a população está sentindo no bolso que a situação vai mal e tende a piorar: os 51% que até março achavam que as condições econômicas do país iriam melhorar caíram agora para 39%, empurrando a popularidade de Dilma para baixo.
O pessimismo não se limita a questões de momento, mas se deve, em especial, a uma deterioração das expectativas quanto ao futuro, o que é mais sério. Todos os fatores que os brasileiros hoje temem tendem a ficar piores amanhã: a inflação, o desemprego, a situação econômica geral.
De tudo isso, resulta uma crise de confiança no país. Não são apenas investidores que estão ressabiados. É também, e principalmente, o brasileiro comum, que vê seu dinheiro acabar antes do fim do mês e as perspectivas turvarem-se, sem conseguir enxergar no governo de turno a capacidade necessária para superar o momento de dificuldades.
O dinheiro que antes irrigava nossa economia, permitia a geração de emprego e alimentava o consumo vai escasseando. As empresas começam a enfrentar sérios apuros, seja de endividamento, seja de crédito. Só neste trimestre, as maiores companhias do país viram suas dívidas crescer R$ 5,7 bilhões, comendo um quarto dos lucros acumulados no início do ano, segundo O Globo.
Os brasileiros voltaram a ouvir termos há muito esquecidos. A "disparada do dólar” está de volta, encarecendo produtos (inclusive bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos), empurrando a inflação ainda mais para cima e ameaçando os ganhos das companhias. Sem lucro, o investimento privado não acontece e a produção não sobe, o emprego não vem, a inflação persiste.
O "risco-país” ressuscitou e, como um morto-vivo, voltou a amedrontar, com alta de 25% em apenas 30 dias. Também no último mês, o custo de proteção contra um calote da dívida brasileira registrou a maior alta entre os principais mercados do mundo. Quem tem dinheiro quer distância do Brasil – ainda mais quando os EUA voltam a se mostrar um porto seguro e rentável. Até nosso Banco Central já tem diretor demissionário, como mostra o Correio Braziliense.
Sinal também evidente da desconfiança em relação ao país é o comportamento dos investidores em ações de empresas. Entre as principais praças globais, a bolsa brasileira é a que mais cai neste ano: queda de 18,35% até ontem, com nossas empresas perdendo US$ 162 bilhões em valor de mercado desde janeiro.
A crise é generalizada e visível, menos para Guido Mantega, que faz, na Folha de S.Paulo, juras de amor ao superávit primário que sua gestão descumpriu em três dos quatro últimos anos – e depois de aumentar as despesas federais em R$ 150 bilhões (quase 1% do PIB) desde 2010. Acena até com a obtenção de um déficit nominal zero que Dilma, outrora, considerou "rudimentar”. Alguém há de crer?
"Chegou ao fim, pelo menos para os países emergentes, a era de experimentalismos em matéria de política econômica. Começa a se fechar a janela de oportunidade, propiciada pelo excesso de liquidez no mundo, para realização de reformas estruturais. O Brasil está saindo do ciclo internacional de liquidez com inflação mais alta, crescimento menor, baixa taxa de investimento, déficit externo crescente, deterioração das contas públicas e credibilidade abalada”, resume Cristiano Romero no Valor Econômico, em análise que é leitura obrigatória.
O governo da presidente Dilma Rousseff não soube caminhar num ambiente de razoável estabilidade e recuperação econômica, como foram os últimos meses. E não demonstra ter a menor condição de sair-se bem numa turbulência como a que se avizinha. O que antes era razoavelmente simples, agora ficou praticamente impossível. Os motores vão sendo desligados, o país caminha para parar de vez. Infelizmente.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário