Todo o mundo bisbilhota todo o mundo e todos os países (que podem, claro) espionam todos os países (que interessam, claro). A única coisa que não pode(ria) é ser flagrado bisbilhotando e espionando. Aí, vira uma confusão, com os espionados encenando indignação e os espiões fingindo enorme constrangimento.
É nessa fase que estamos, depois que o "Globo" revelou que o Brasil não é apenas espionado pelos EUA como também é um dos alvos prediletos dos arapongas americanos.
Mais: a velha e boa espionagem, política e industrial, perdeu totalmente o pudor e entra pela casa, pelo telefone e, principalmente, pela internet das pessoas adentro. Isto, a invasão da privacidade de cidadãos e cidadãs, é o que mais está incomodando as autoridades brasileiras. Pelo menos, da boca para fora.
Então, saca-se um roteiro pronto da gaveta: Dilma faz cara feia e declaração forte contra a "violação de soberania", depois de o chanceler Patriota ter feito um pronunciamento (não foi entrevista) dizendo o que ele sempre diz em qualquer circunstância: o Brasil considera muito grave e/ou vê com muita preocupação.
Valeu para o golpe no Egito, a guerra na Síria, a crise na Turquia e o veto dos europeus ao sobrevoo do avião de Evo Morales, como valeria para o calo do papa Francisco. Agora, na invasão eletrônica do Brasil e de lares brasileiros.
Além disso, houve providências diplomáticas bilaterais, via embaixadas, e multilaterais, na ONU e na Unesco. Mas o principal está preservado: não interessa a nenhum dos dois lados, EUA e Brasil, que isso vire ruído na viagem de Estado de Dilma a Washington, em outubro. Até lá, não se fala mais nisso?
Os médicos estão em pé de guerra, mas Dilma tem razão: o direito coletivo e a necessidade de suprir a falta de profissionais nos rincões se sobrepõem a interesses corporativos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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