Em nova pesquisa, ex-presidente é mais competitivo que Dilma
Marcos Alves
SÃO PAULO - No momento em que as pesquisas apontam queda na aprovação ao atual governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou ontem qualquer possibilidade de disputar as eleições presidenciais em 2014 no lugar da presidente Dilma Rousseff. Em palestra, o líder petista elogiou a sua sucessora e a considerou uma "extraordinária candidata". O mau desempenho da presidente nas intenções de voto tem fortalecido tanto no PT como no PMDB o clima de "volta, Lula". Ontem, pesquisa Ibope, divulgada pelo site do jornal "O Estado de S.Paulo", apontou queda de 28 pontos na popularidade da presidente e mostrou o seu antecessor como uma opção mais competitiva.
- As pessoas sabem que não adianta bater na porta. Eu acho que a companheira Dilma Rousseff é uma extraordinária presidenta, é uma extraordinária candidata. Eu dizia, quando era presidente, que tem de se julgar um governo pelos seus quatro anos de mandato. Eu tenho certeza de que ela tem feito tudo o que prometeu fazer e fará muito mais - afirmou, em palestra na Universidade Federal do ABC.
A pesquisa mostrou que as intenções de voto de Dilma caíram de 58% para 30%. No mesmo cenário de disputa, Lula alcançaria 41%. A presidente foi a única a perder intenção de voto: Marina Silva (Rede) passou de 12% para 22%, Aécio Neves (PSDB) foi de 9% para 13%, e Eduardo Campos (PSB) variou de 3% para 5%. Os votos brancos e nulos foram de 9% para 18%. Foram entrevistados 2.002 brasileiros, e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.
Em sua primeira aparição pública no Brasil após os protestos de rua, o líder petista defendeu a realização de um plebiscito para a reforma política. Lula pregou a permanência do mandato de quatro anos com direito a reeleição e ironizou proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de fim da reeleição:
- É muito engraçado, pois não tínhamos reeleição. Com medo de mim, até reduziram o mandato para quatro anos. Depois, ganharam e aprovaram a reeleição. Agora, eles querem acabar com medo de a Dilma se reeleger?
O petista admitiu que os protestos pegaram todos de surpresa pela capacidade de mobilização dos brasileiros. Ele criticou, contudo, o discurso de negação da participação de partidos políticos por parte de alguns manifestantes. Aos jovens que assistiam à palestra, recomendou que, em vez de negar os partidos, entrem na política para modificar o que criticam. Aos políticos, sugeriu que vivam os protestos, e defendeu que, de "protesto em protesto, a gente vai consertando o telhado".
- Mesmo quando vocês estiverem putos da vida, mas putos de verdade, "Não gosto do Lula", "Não gosto da Dilma", não neguem a política - afirmou.
Lula voltou a criticar os seus antecessores no Palácio do Planalto e negou que tenha sido beneficiado em sua gestão por uma "maré favorável" no âmbito internacional. Sem citar nomes, disse que os últimos governantes tinham "complexo de vira-lata". No decorrer da palestra, contudo, referiu-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- Se você vir a imprensa em 1998, você vê muita coisa de disputa: quem era mais amigo do Bill Clinton, Fernando Henrique ou Carlos Menem? Quem era mais amigo do Banco Central Americano, o Domingo Cavallo ou o Pedro Malan? É aquela coisa de gente pobre de espírito. Ou seja, quem era o serviçal mais importante.
O ex-presidente chamou de "vandalismo na internet" os boatos de que o câncer na laringe teria voltado ou que seu filho tenha virado presidente de uma das maiores empresas brasileiras de carne. E justificou, com humor, suas viagens ao exterior.
- Eu viajar é um jeito de não encher o saco da presidenta Dilma Rousseff. É um jeito de não ficar dando palpite.
Fonte: O Globo
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