Grupo pôs fogo em boneco que representava Sérgio Cabral
Três dias depois de bairros vizinhos ao Palácio Guanabara terem se transformado num campo de batalha entre policiais militares e manifestantes, um novo protesto, desta vez pacífico até o fim da noite, ocupou a frente da sede do governo do estado. O grupo de cerca de 250 pessoas, segundo estimativas da PM, pôs fogo num boneco que representava o governador Sérgio Cabral. E gritou palavras de ordem como "Fora, Cabral" e "No meu casamento eu quero a polícia", ironizando a presença do Batalhão de Choque na repressão à manifestação de anteontem próximo ao Copacabana Palace, onde acontecia a festa de casamento de Beatriz Perissé Barata, neta do empresário de ônibus Jacob Barata.
O momento de maior tensão ocorreu por volta das 21h, quando duas jovens furaram o bloqueio e tentaram entrar no palácio. Elas foram retiradas pela PM, e um policial atirou spray de pimenta contra os manifestantes. O princípio de confusão, no entanto, foi rapidamente contornado. Quase no mesmo momento, um entregador chegou com pizzas ao palácio, mas saiu assustado com a manifestação sem conseguir deixar o pedido.
O chamado "grande ato pela saída e punição de (Sérgio) Cabral, (Luiz Fernando) Pezão e Paulo Melo" - numa referência ao governador, ao vice-governador e ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio, respectivamente - fechou os dois sentidos da Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, complicando o trânsito.
Em convocações nas redes sociais, o grupo estimulou os participantes a acamparem perto do palácio, a exemplo do que havia acontecido, mês passado, na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Espínola, no Leblon, onde mora Cabral. Mas, até as 21h, nenhuma barraca havia sido montada. Depois disso, a chuva dispersou a maioria dos manifestantes. A ideia, segundo o fotógrafo Pedro Rios, integrante do movimento Ocupa Rio, era tomar pacificamente a frente do palácio:
- Queremos ocupar física e simbolicamente a sede do governo, devido ao desrespeito com que o povo do Rio vem sendo tratado.
Os manifestantes começaram a se reunir às 15h, no Largo do Machado, onde declamaram poesias e cantaram músicas. Cerca de 30 PMs, de vários batalhões, reforçaram a segurança no local. Eles usavam coletes que escondiam suas identificações. Em resposta, a maior parte dos manifestantes colou seus nomes com fita adesiva no peito. Por volta das 18h, acompanhado pela PM, o grupo seguiu em passeata pela Rua das Laranjeiras até a Pinheiro Machado.
Dessa vez, mais de dez policiais fizeram um cordão de isolamento próximo à Casa de Saúde Pinheiro Machado, que foi invadida e teve uma porta danificada por um tiro de bala de borracha no protesto da última quinta-feira. Ao todo, segundo a PM, cerca de 300 agentes acompanharam o ato, com o Batalhão de Choque a postos.
Fonte: O Globo
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