Depois do fracasso das manifestações das centrais sindicais, a onda de protestos, tudo indica, vai dar um tempo. Sinal de alívio para o Palácio do Planalto, mas não de que tudo voltará ao normal.
Pelo contrário. As vozes das ruas agudizaram uma situação que já não estava boa para a presidente Dilma Rousseff e que, neste momento, ficou um pouco pior.
Até que a petista saiu melhor do que entrou na crise do mês de junho. Lançou o plebiscito da reforma política e dirá que o enterro da ideia é culpa do Congresso. Criou a imagem de que ouviu a voz das ruas e saiu divulgando programas.
Agora, terá de concentrar seu foco na agenda política e econômica, onde os sinais são de riscos potenciais, o que assusta o mundo petista na véspera de ano eleitoral.
No Congresso, o clima é de tocaia. O governo perdeu o controle sobre a pauta do Legislativo e, com a base rebelada, teme derrotas pela frente.
De uma delas até se safou, ao fechar acordo no Congresso para engavetar 1.700 vetos, alguns verdadeiras bombas fiscais. Em troca, sabe que agora seus vetos irão a votação no plenário do Legislativo.
Algo perigoso para uma presidente que, com aliados infiéis, acostumou-se a vetar tudo aquilo em que era derrotada no Congresso. Esse caminho pode estar interditado.
Na economia, dentro do próprio governo já se fala no risco de crescimento abaixo de 2% em 2013. O que já despertou discussões sobre o tamanho do corte de gastos.
O temor é que um arrocho fiscal muito forte, defendido no mercado para segurar de vez a inflação, desacelere mais o ritmo da economia neste ano, que já está fraco.
Enfim, o cenário não é de refresco. Na política, a sorte é que o Congresso deve entrar em recesso, dando tempo para um freio de arrumação. Na economia, o governo precisa deslanchar os leilões de concessões. O fato é que 2014 vai chegando e a pressão só vai aumentar.
Fonte: Folha de S. Paulo
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