Partido da presidente divulga documento em que diz que condenados foram submetidos a "espetáculo condenável"
Fernando Gallo, Ricardo Delia Coletta, Tânia Monteiro
BRASÍLIA - O diretório nacional do PT emitiu nota no final da tarde de ontem na qual classifica como "arbitrária" e "casuísmo jurídico" a prisão dos petistas condenados no mensalão sem que todos os recursos tenham sido julgados. O documento afirma ainda que o mandado expedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, sem a especificação do regime das penas, e a determinação de que os condenados fossem trasladados a Brasília, acarretou um "espetáculo indesejado e condenável" e "colocou em risco a vida" de José Genoino, "cardiopata recém-operado".
Enquanto isso, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff, reunida com senadores da base, manifestou "grande preocupação" com a saúde de Genoino, que definiu como "dramática". Dilma negou-se, no entanto, a fazer comentários sobre as decisões do STF. Segundo o senador Gim Argello (PTB-DF), ela entende que o interesse por sua manifestação sobre o tema seria apenas "para criar uma crise institucional". Argello disse ainda que, no entender da presidente, o advogado de Genoino não foi ágil na apelação à Justiça sobre a forma de prisão do deputado, por causa de sua delicada saúde. O médico de Genoino, Roberto Kalil, é o mesmo de Dilma.
Radical. Ao elaborar a nota do PT, setores à esquerda defenderam uma nota dura contra Barbosa, mas ele acabou não sendo citado nas quatro páginas do documento. Os mais radicais sugeriam até que o PT representasse contra ele no plenário do STF por entenderem que as prisões de Genoino, José Dirceu e Delúbio contrariaram jurisprudência da Corte.
No texto, o PT reafirma nota publicada um ano atrás, em que considerou que o processo foi "nitidamente político e influenciado pela mídia conservadora". Segundo os petistas, "parte significativa do esforço da oposição política, partidária, midiática e social tem sido a repercussão, à exaustão, das condenações de lideranças petistas no curso da Ação Penal 470".
O líder do PT, Wellington Dias (PI), defendeu em reunião de senadores com Dilma que o Senado aprove um requerimento pedindo explicações à Corte sobre o tratamento dado aos condenados. Mas a ideia teve pouca receptividade.
Defesa "violada"
"A prisão arbitrária de companheiros petistas, sem que seus recursos tivessem sido julgados, foi mais um casuísmo jurídico – de tantos que a maioria do Supremo Tribunal Federal perpetrou ao longo da Ação Penal 470"
Diretório Nacional do PT, EM NOTA OFICIAL
Fonte: O Estado de S. Paulo
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