Por Marcos de Moura e Souza
BELO HORIZONTE - Depois de reunir-se por três vezes com grandes empresários do país, o senador e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves (MG), prepara-se para apresentar amanhã 12 ideias que servirão de esqueleto de seu futuro programa de governo. Um dos pontos a ser apresentado pelo pré-candidato tucano atende à crítica feita por muitos empresários, de que o governo da presidente Dilma Rousseff peca por adotar o que consideram ser uma ineficaz política de intervenção estatal na economia. Aécio vai defender uma reversão desse modelo.
O encontro mais recente do tucano com empresários se deu na quinta-feira, com cerca de 30 representantes do setor produtivo em São Paulo, na casa do presidente do Grupo Alpargatas, Márcio Utsch. Entre os covidados estavam representantes do setor financeiro, industrial e de serviços. As outras reuniões de Aécio com empresários, em sua pré-campanha, ocorreram em Brasília, há alguns dias, e no Rio. O tucano deve fazer uma nova rodada de conversas com o empresariado em janeiro, novamente no Rio.
O encontro realizado na quinta-feira foi reservado. Aécio estava acompanhado por uma comitiva de tucanos, composta pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, pelo ex-presidente do Banco Central no governo FHC Armínio Fraga e pelos senadores Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Cássio Cunha Lima (PB).
"Aécio encontrou um ambiente muito acolhedor. Circulou e conversou com empresários, que se ficaram divididos em grupos menores", disse Lima ontem, ao Valor. "Depois, ele fez um fala no qual tocou em aspectos que ele tem tratado: a necessidade de um governo que tenha planejamento, que não seja perdulário, que gaste mais com as pessoas e menos como a máquina pública, como faz o PT, com o aparelhamento que existe", afirmou o parlamentar.
Todos os tucanos apresentaram suas ideias aos empresários, segundo relato do senador da Paraíba. Um dos pontos que atraíram muita concordância dos comensais foi, segundo Lima, quando Armínio Fraga falou de um ponto que traz muito receio, que é o atual ritmo da inflação associado ao baixo crescimento da economia.
Não se tratou de um encontro de apoio, nas palavras de outro interlocutor de Aécio. Ainda que houvesse homens de negócios muito simpáticos à candidatura presidencial de Aécio, na mesma sala havia também aqueles que veem o pré-candidato com alguma dúvida, segundo uma terceira fonte ouvida pelo Valor.
O PSDB e seu pré-candidato contam, em geral, com aprovação do empresariado. Em novembro, outro pré-candidato ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos (PSB), já havia estado em São Paulo. Campos fez palestras em dois bancos: no Pine, instituição de médio porte forte em crédito ao agronegócio, e no Credit Suisse.
A reportagem procurou Márcio Utsch, por meio de sua assessoria, para ouvi-lo sobre o jantar com Aécio, mas não conseguiu falar com o empresário. Os tucanos optaram por não revelar os nomes dos convidados.
Aécio chegou por volta das 21h ao encontro. Antes, o pré-candidato havia feito uma parada na casa de FHC. A comitiva tucana deixou o encontro pouco depois da meia-noite.
Na segunda-feira, o pré-candidato havia se reunido, também na capital paulista, com um grupo de cerca de 60 ambientalistas - que em geral são mais alinhados à ex-senadora Marina Silva. Desde outubro, Marina está no PSB de Campos.
Uma nova conversa de Aécio com ambientalistas está prevista para ocorrer no início de 2014, no Rio de Janeiro.
Um aliado do senador mineiro disse que a conversa com empresários e com os ambientalistas faz parte da fase da pré-campanha tucana na qual o senador ouve sugestões e apreensões para que possa formular melhor suas propostas.
Aécio, que é presidente nacional do PSDB, tem cumprido uma agenda corrida de viagens pelo Brasil. Na maioria delas, entre bandeiras e gritos de campanha, o tucano aparece ao lado lideranças políticas locais, entusiastas de sua candidatura e com eleitores comuns no campo e nas cidades.
O senador está em segundo lugar nas intenção de voto, com 19%, de acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha no fim de novembro. O também pré-candidato Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, registrou 11% das intenções de voto na pesquisa do Datafolha. Na sondagem anterior, Aécio tinha 21% e Campos, 15%.
Os dois são os mais prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições do ano que vem. O percentual de eleitores que disseram que querem a reeleição da subiu de 42% para 47%, segundo o Datafolha. Na sexta, pesquisa CNI/Ibope apontou que 43% dos entrevistados consideram o governo Dilma como ótimo ou bom.
Fonte: Valor Econômico
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