Ex-aliado do PT, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, experimenta a fúria da falconaria. A máquina de difamação do petismo começou a funcionar
Robson Bonin
Quando ainda era aliado do PT, o governador de Pernambuco. Eduardo Campos, costumava ser tratado como um predestinado. Em um de seus últimos discursos como presidente, em dezembro de 2010, Lula definiu Campos como "um companheiro, um diamante que não se encontra em qualquer lugar". O tempo passou, e o governador, prestes a se tomar adversário do partido nas eleições presidenciais deste ano, começou a ser visto pelos antigos companheiros com outros olhos, bem diferentes.
Na semana passada, ele experimentou a fúria da falconaria petista. O "companheiro Eduardo", que para Lula era "gente boa que não se acha em qualquer lugar", virou para o PT um "tolo", um "playboy mimado" que "vendeu a alma à oposição". O ataque virulento veio na forma de um texto publicado na página oficial do partido no Facebook. Sob o título "A balada de Eduardo Campos", o artigo expõe o que há de mais íntimo no caráter do petismo, acostumado a caluniar, difamar e perseguir os inimigos. É só o começo da guerra eleitoral que se avizinha.
O texto foi avalizado por dirigentes do partido, embora tenha sido criticado por petistas menos estridentes, temerosos de que o ataque possa, em vez de g ajudar, causar prejuízo às pretensões t reeleitorais da presidente Dilma Rousseff. | A preocupação maior é com a possibilidade de Eduardo Campos aliar-se aos tucanos num eventual segundo turno entre o PT e o PSDB.
O governador, conhecido por sua diplomacia política, reagiu ao ataque petista também pela internet: "Sigo firme no debate de alto nível sobre o Brasil. O resto a gente ignora. Porque, enquanto os cães ladram, nossa caravana passa". O jogo sujo contra os inimigos faz parte da história do PT. Não por acaso, alguns dos principais escândalos eleitorais recentes do partido envolvem ofensivas nada edificantes destinadas a torpedear adversários. Foi assim em 2006 com os aloprados, pilhados comprando um dossiê fajuto contra o tucano José Serra. E foi assim na última corrida presidencial, quando petistas montaram uma estrutura clandestina de arapongagem no coração da campanha de Dilma Rousseff.
É sabido que o ataque a Eduardo Campos é obra de profissionais contratados pelo PT para fazer o jogo sujo da campanha na internet. No texto dos novos aloprados, nem a memória de Miguel Arraes, aliado histórico dos petistas e avô de Campos, é poupada. "O velho Miguel Arraes faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto", escreveram. Por ter sido aliado até recentemente. Eduardo ganhou o carimbo de traidor. Sem rodeios, o PT joga na cara o que fez pelo governador — diz que ele se construiu politicamente à custa do partido e de Lula. "Estão desesperados!", afirmou Campos a interlocutores.
Também na semana passada, ganhou um novo capítulo outra ofensiva petista contra o governador. Um dia após o PT ter publicado a nota da discórdia, o Ministério Público Federal em Pernambuco despachou um ofício ao Palácio do Planalto cobrando explicações do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência sobre a ação dos arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) detidos enquanto espionavam o Porto de Suape.
A procuradora Silvia Regina Lopes deu dez dias para que o general José Elito, ministro-chefe do GSI, explique a ação de seus agentes no porto. O mesmo ofício foi enviado ao comando de Suape, à Polícia Federal e à própria Abin. Em junho do ano passado, uma reportagem de VEJA revelou que quatro oficiais da agência foram detidos no Porto de Suape, na região metropolitana do Recife.
Eles tinham como missão investigar a suposta influência política do governador sobre uma greve de portuários que poderia causar embaraços ao governo federal. O GSI, na ocasião, negou o episódio. Chegou a dizer, em nota, que os agentes nem estiveram no porto e que tudo não passava de invencionice. A negativa acabou desmentida cabalmente por registros oficiais da missão dos arapongas. Agora, o caso vai ser esquadrinhado pelo Ministério Público. Os aloprados petistas desistem.
Fonte: Revista Veja
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