Raquel Ulhôa – Valor Econômico
BRASÍLIA - O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), anunciou, no plenário do Senado, que toda a bancada do partido na Casa vai assinar o requerimento de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras, em 2006, e outras denúncias de irregularidades envolvendo a empresa. Com o PSB, a oposição contabiliza então 29 assinaturas, duas a mais do que o número exigido no Senado para a criação de uma CPI exclusiva da Casa ou mista (formada por deputados e senadores).
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) informou que, primeiro, será protocolado o requerimento de criação de uma CPI exclusiva do Senado - o que estava previsto para ocorrer hoje, às 9h.
Caso a Câmara dos Deputados consiga as 171 assinaturas necessárias a uma CPI mista, a oposição retira o pedido de CPI exclusiva e protocola um novo requerimento, para a comissão formada por deputados e senadores. Ontem à noite, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), afirmou na tribuna ter colhido 173 assinaturas (duas a mais que o mínimo), mas ainda havia divergência sobre o resultado, porque os apoios estavam em documentos diferentes.
Entre os apoiadores da CPI do Senado, há os governistas Clésio Andrade (PMDB-MG), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Eduardo Petecão (PSD-AC). A articulação das oposições pela criação da CPI foi liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do partido e pré-candidato à Presidência da República. O governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB e pré-candidato a presidente, também defendeu publicamente a instalação de comissão no Congresso para investigar as suspeitas de irregularidades na operação da Petrobras.
Ao todo, assinaram o requerimento os 11 senadores do PSDB - Aécio Neves (MG), Flexa Ribeiro (PA), Ruben Figueiró (MS), Álvaro Dias (PR), Cássio Cunha Lima (PB), Mário Couto (PA), Cyro Miranda (GO), Cícero Lucena (PB), Lúcia Vânia (GO), Aloysio Nunes (SP) e Paulo Bauer (SC) - e os quatro do DEM - José Agripino (RN), Jayme Campos (MT), Maria do Carmo Alves (SE) e Wilder Morais (GO), cuja assinatura foi dada em Goiânia e era aguardada ontem à noite em Brasília.
Do PMDB, três senadores assinaram: Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS) e Clésio Andrade (MG). Do PDT, assinaram Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF), que integram um grupo "independente" na Casa. Do mesmo grupo, assinaram Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Ana Amélia (PP-RS). Do Solidariedade, Vicentinho Alves (TO) assinou.
Dos quatro senadores do PSB, até a noite de ontem, apenas Rollemberg havia assinado o requerimento, apesar da posição favorável manifestada publicamente pelo governador Eduardo Campos (PE), presidente nacional do PSB e presidenciável do partido.
Após um dia de "processo de convencimento", os senadores João Capiberibe (PSB-AP), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Lídice da Mata (PSB-BA) autorizaram o líder da bancada a anunciar o apoio à CPI.
Segundo Rollemberg, a intenção original do partido era aguardar os esclarecimentos da presidente da Petrobras, Graça Foster, antes de decidir pelo apoio à investigação no Parlamento. Mas, para ele, o fato de as lideranças governistas marcarem a audiência pública com Graça Foster no Senado apenas para 8 de abril mostra que o governo não tem pressa de dar as explicações ao povo brasileiro.
"Não podemos permitir que uma empresa da importância estratégica como a Petrobras seja partidarizada. A posição do PSB é de apoiar a instalação da CPI da Petrobras. E faremos a investigação com toda responsabilidade e espírito público", disse Rollemberg. Na Câmara, 21 dos 23 deputados do PSB assinaram o requerimento.
Ao longo do dia, na tentativa de esvaziar o movimento favorável à CPI, os líderes do governo na Câmara e no Senado aceitaram permitir a aprovação de convites para que a presidente da estatal e os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Edison Lobão (Minas e Energia) compareçam ao Congresso para dar depoimento sobre a compra da refinaria de Pasadena.
Num esforço executado a pedido do Palácio do Planalto, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e o ex-líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), conseguiram acordos para que pedidos de convocações fossem retirados ou transformados em convites. Graça e Lobão devem comparecer ao Senado, respectivamente, em 8 e 15 de abril. Mantega deverá ir à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara em até 20 dias. (Colaboraram Fábio Brandt, Raphael Di Cunto e Cristiano Zaia)
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