‘Democracias não podem ignorar violência’, diz María Corina Machado
Janaína Figueiredo - O Globo
CARACAS — A deputada opositora María Corina Machado classifica apoio do Brasil ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de inadmissível. Ela, que teve mandato cassado, cobra uma atitude objetiva da presidente Dilma Rousseff. S
A senhora estará no Brasil na semana que vem. Como avalia a posição do governo Dilma Rousseff na crise venezuelana?
Me surpreende e dói profundamente a atitude da presidente Dilma Rousseff, como mulher e como mãe. O Brasil não tem credibilidade, até agora não teve uma atitude objetiva, expressou apoio incondicional ao regime venezuelano e não somente através de seu chanceler, também do embaixador na OEA, que nos acusou de tentar armar um circo, quando representávamos o povo venezuelano.
A senhora pedirá uma reunião com a presidente?
Não está previsto, mas claro que gostaria de falar com ela. A presidente é uma pessoa de enorme influência na região e no governo Maduro. As evidências são contundentes sobre a violação sistemática dos direitos humanos e isso não pode ser ignorado pelos governos democráticos da América Latina. Dos chefes de Estado que em sua própria história sofreram uma ditadura, esperamos solidariedade maior. Estou profundamente agradecida aos senadores brasileiros e ao presidente da comissão que me convidou, é um apoio e um comportamento solidário com o povo venezuelano. Sabemos que o povo brasileiro está do lado do povo venezuelano. Esperamos que esse povo diga a seu governo que deve ter um comportamento firme e solidário quando se trata de violações dos direitos humanos.
Há rumores de que a senhora poderia ser detida...
Aqui ninguém pode estar tranquilo. É uma monstruosidade... os prefeitos da oposição foram arrastados sem ordem de detenção por grupos armados não identificados. É a destruição absoluta do Estado de Direito.
Qual é sua opinião sobre o papel da Unasul na crise venezuelana?
Durante os últimos anos, um dos pilares fundamentais deste regime foi a comunidade internacional. Mas nas últimos oito semanas foram ultrapassados limites. Houve uma repressão sem precedentes. A Unasul tem um grave problema de credibilidade com os venezuelanos, porque prometeu auditar as últimas eleições e nunca cumpriu. Muitos chanceleres, entre eles o do Brasil, emitiram apoio incondicional a Maduro antes mesmo de chegar a Caracas. São posições inadmissíveis. Quem convidou a Unasul foi o regime de Maduro, o mesmo que reprime. Nossa posição é firme: aqui não aceitamos posições que não sejam objetivas e a Unasul não é. Como democratas sempre defenderemos o diálogo, mas genuíno. (J.F.)
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