• Procurador rebate e diz que polícia tem que cumprir ordens do STF
Jailton de Carvalho – O Globo
BRASÍLIA - A Polícia Federal reagiu com veemência contra a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir que a instituição se abstenha de fornecer qualquer tipo de informação à imprensa sobre a Operação Ararath. A investigação, que teve a quinta etapa lançada na terça-feira, tem entre seus alvos o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), o senador Blairo Maggi (PR) e integrantes do Ministério Público. Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Associação Nacional dos Delegados (ADPF) diz que o pedido de Janot, acolhido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi a maior violência sobre sofrida contra a PF desde a ditadura militar.
"Para os delegados federais, essa foi a mais contundente violência sofrida pela instituição desde a redemocratização do Brasil. A sociedade brasileira merece saber o que tornou tão singular a execução da quinta fase dessa operação com relação a tantas outras operações em tramitação no Supremo Tribunal Federal", afirmam os dirigentes da ADPF. Para os delegados, a medida transformou Janot numa espécie de "censor geral da República". Os delegados também cobraram explicações do ministro Dias Toffoli, relator do caso no STF, que acolheu o pedido de Janot.
"Ao que parece, a lei da mordaça, tão combatida pelo próprio Ministério Público, passa a ser defensável quando a vítima é a Polícia Federal do Brasil, uma instituição republicana, que sempre busca desenvolver suas missões com seriedade, eficiência e transparência, independente de quem esteja envolvido, direta ou indiretamente, com o crime", protestam os delegados. A ADPF é a principal entidade sindical dos delegados da Polícia Federal.
A entidade tem independência administrativa, mas quase sempre vocaliza as ideias consensuais da cúpula da Polícia Federal.
Procurador rebate delegados
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho, rebateu às críticas dos delegados da Polícia Federal . O procurador sustenta ainda que o sigilo foi decretado pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.
- A Polícia Federal tem apenas que cumprir as determinações do STF sem reclamar. O papel da polícia é esse : cumprir o que determina o STF e não reclamar, muito menos por nota - disse Camanho.
O presidente da ANPR disse ainda que não faz o menor sentido as insinuações de que o procurador-geral estaria tentando proteger eventuais integrantes do Ministério Público, também investigados. Na divulgada divulgada no início da tarde, os delegados dizem que " é preciso ficar mais claro, os reais motivos que levam um Ministro da mais alta corte brasileira aceitar os argumentos do Ministério Público Federal e impedir que a imprensa, seja devidamente informada sobre o trabalho da Polícia Federal, uma instituição respeitada e admirada por todos os brasileiros".
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