• Ex-petista filiado ao PSB e socióloga próxima de Marina elaboram plano de governo da chapa que afirma querer 'mudar a forma de fazer política'
Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
Escalados pela dupla Eduardo Campos e Marina Silva para coordenar a elaboração do programa de governo do PSB, o ex-petista Maurício Rands e a socióloga Neca Setubal ainda vivem, sete meses após o anúncio da aliança, o desafio de colocar no papel as propostas que vão balizar o chamado "acordo programático".
A união do ex-governador de Pernambuco com a ex-ministra do Meio Ambiente propôs "mudar a forma de fazer política no Brasil". O resultado final desse processo dará pistas se a união entre sonháticos e pragmáticos tem condições de se tornar um projeto político concreto. A ideia é que o documento seja concluído até a convenção da sigla, marcada para 29 de junho.
Para Rands, a meta é "dar concretude àquilo que foi dito lá no início por Eduardo e Marina", de que a aliança serviria para "apresentar ideias e soluções aos problemas nacionais."
O grupo da ex-ministra entrou no PSB em outubro do ano passado, depois de a Justiça Eleitoral negar o registro partidário à Rede Sustentabilidade. Na época, Marina costumava repetir que ela e Campos haviam feito uma aliança programática, que poderia ou não se transformar em uma parceria eleitoral. Em abril, Campos anunciou a ex-ministra de Lula como vice na futura chapa que vai disputar a eleição presidencial.
Parceria. Rands foi convidado pessoalmente por Campos para assumir a tarefa de coordenar a elaboração do programa da sigla. Ex-petista, ele se filiou ao PSB em outubro do ano passado e chegou a ser cotado para disputar o governo de Pernambuco. Marina indicou Neca para o posto. A herdeira do Banco Itaú é hoje uma das pessoas mais próximas da ex-ministra.
Sentados lado a lado, Rands e Neca receberam o Estado na terça-feira passada. Em meio a troca de olhares e elogios, os coordenadores afirmam que o futuro programa de governo será fruto de um amplo debate com a sociedade. "O mais fácil seria contratar um ou dois especialistas, ou uma empresa de consultoria competente, para fazer o melhor programa do mundo. Mas o nosso objetivo não é ter o melhor programa do mundo, é tornar o processo de elaboração do programa um diferencial", afirma Neca.
Diferenças. À medida que a entrevista avança, porém, diferenças sutis no discurso de um e de outro e, consequentemente, do grupo que representam, começam a surgir. Enquanto Rands faz questão de afirmar que o programa vai trazer metas claras e, principalmente, demonstrar como tirá-las do papel, Neca pondera que o documento não será apenas um emaranhado de números sem sentido.
"Eu entendo a preocupação de ter metas palpáveis e concretas, e nós vamos apresentar isso no programa. Mas, ao mesmo tempo, se a gente descola o conceito e fala apenas em números, o programa fica uma colcha de retalhos, que você não entende para onde vai, nem a concepção que está por trás", afirma.
Os dois voltam a concordar quando afirmam que a aliança elegeu como prioridade melhorar a educação do País. Mas cada um diz isso de um jeito diferente. Rands fala novamente em anunciar "metas e comprometimento de verbas com a educação". Neca contextualiza a importância da decisão: "Nós queremos mostrar que a educação é realmente um eixo estratégico para o desenvolvimento sustentável".
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