- O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, principal voz do PP contrária ao apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, diz que o partido irá para a convenção nacional de 25 de junho dividido.
Ele questiona a iniciativa do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que previu para a semana que vem o apoio formal do partido a Dilma. "Ele não pode antecipar essa declaração sem a anuência da convenção", disse Coelho, acrescentando que Nogueira não pode colocar em risco a unidade partidária.
Como avalia a decisão da direção nacional do PP de declarar apoio a Dilma?
O presidente (do PP, Ciro Nogueira) tem todo o direito de se manifestar. Mas a realidade do partido é que, além dos Estados que são citados como os vinculados ao projeto (nacional) do PSDB, temos também Goiás, com parlamentares engajados na linha do Aécio, temos Santa Catarina, onde a posição é estabelecer palanque para o Aécio. E até a nossa convenção outros quadros regionais vão se configurar.
Acredita que haverá maioria na convenção para barrar o apoio nacional à presidente Dilma?
Estou mostrando que estamos partindo de Estados como o Rio Grande do Sul, com a maior bancada (federal). A segunda maior é Minas, com cinco (deputados); em Goiás são dois. O que deve acontecer é termos um partido minimamente dividido na convenção. A sábia decisão do presidente de honra Francisco Dornelles foi de respeitar essas realidades e não apoiar nenhuma candidatura (em 2010).
O sr. defende a neutralidade do PP?
Lá atrás, por ocasião da eleição da presidente Dilma, o partido ficou neutro e o tempo de TV foi redistribuído para as candidaturas. Com isso ele (Dornelles) preservou a unidade partidária. Estamos advogando que, se o partido está dividido, que a sábia decisão seja repetida: a neutralidade.
Qual o objetivo de Ciro Nogueira em declarar apoio a Dilma?
Isso quebra a unidade partidária. Ele não pode antecipar uma decisão que não foi ao escrutínio (da convenção).
Qual a estratégia para buscar essa opção pela neutralidade?
A estratégia é o convencimento. Há uma exaustão do PT. As pesquisas estão apontando de maneira irrecorrível o desejo de mudança, que jamais se expressa no status quo.
Acredita que eventuais quedas da presidente nas próximas pesquisas de intenção de voto aumentem dissidências internas no PP?
As pesquisas têm influência porque mostram uma tendência. Temos um nível grande de indecisos. Neste momento, muito menos do que intenção de voto, deve recair sobre a análise das candidaturas o índice de rejeição. E quem tem próximo de 40% (de rejeição) começa a entrar no caminho crítico. A possibilidade de ir para o 2.º turno pode existir. E no 2.º turno vem à tona a rejeição. / R.D.C.
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