quarta-feira, 14 de maio de 2014

Para Campos, “mente” quem promete reforma tributária da noite para o dia

• Pré-candidato do PSB rebate de forma indireta compromisso assumido por Aécio de apresentar proposta em seis meses

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - Numa referência indireta à promessa do tucano Aécio Neves, o pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta terça-feira que mente quem se compromete a realizar uma reforma tributária no país “da noite para o dia”.

- Quem vier aqui e disser que vai mudar (o sistema tributário) da noite para o dia, eu posso dizer depois de ter vivido 12 anos no Congresso e sete como governador, está mentindo. Só dá para fazer se for fatiado - afirmou Campos, durante reunião com lojistas de shopping, em São Paulo.

Em palestra para líderes empresariais do Lide no final de março, Aécio disse que apresentará uma proposta de reforma tributária em seis meses, caso seja eleito. Já Campos defende que as mudanças sejam feitas de forma gradual.

O presidenciável do PSB defendeu nesta terça que haja um fundo de compensação para os estados durante a implantação das novas regras tributárias para suprir eventuais perdas.

Mais cedo em encontro com produtores de gás natural, Campos acusou a gestão da presidente Dilma Rousseff de não ser transparente ao falar sobre os problemas do setor elétrico por medo de ser comparação com o apagão que ocorreu no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001.

- O atual governo não quer confessar que deixou o país numa situação semelhante a que o outro governo (de Fernando Henrique) que ela (Dilma) combatia deixou o Brasil em 2001. O Brasil viveu um constrangimento deste também em 2001.

Para evitar a comparação, o governo petista, segundo Campos, não faz campanha para que a população economize energia nem abre o jogo sobre a necessidade de um "tarifaço" em 2015.
- (O governo Dilma) fica com medo de ser comparado também nesse setor ao governo Fernando Henrique - disse o presidenciável.

Nos últimos dias, o pré-candidato tem atacado os tucanos como uma forma de se diferenciar de Aécio. Durante a palestra, Campos fez ainda críticas à condução da política energética atual:

- É difícil a gente acreditar que chegamos nesta situação no setor elétrico, por isso que eu disse que parece um filme de terror. Espero que ele acabe daqui a pouco

O pré-candidato também se comprometeu a não fazer nomeações políticas para o Ministério das Minas e Energia caso seja eleito em outubro.

Ainda dentro da estratégia de se distanciar de Aécio, Campos definiu, segundo aliados, que o PSB vai lançar candidatar candidato ao governo de Minas. Os dois presidenciáveis haviam selado um pacto de não agressão em seus territórios, pelo qual o PSDB apoiaria Paulo Câmara (PSB) em Pernambuco e o PSB, Pimenta da Veiga (PSDB), na eleição mineira.

O pré-candidato do PSB evitou, porém, tratar do tema publicamente.

- Isso é um debate que o PSB está travando e esse debate tem data para terminar: a data das convenções. Cada estado está discutindo intensamente - disse Campos, ao ser questionado sobre a possibilidade de ter candidato em Minas.

O nome mais cotado para encabeçar a chapa do PSB no estado é o do deputado federal Júlio Delgado, presidente da legenda em Minas. O deputado estadual Daniel Coelho (PSDB-PE) disse que depois da divulgação dos planos de Campos foi procurado pela cúpula do PSDB para recomendação de que ficasse “alerta” para a possibilidade de entrar na disputa eleitoral pernambucana.

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