- O Estado de S. Paulo
O movimento é nítido, embora não tenha sido corretamente interpretado: sim, Eduardo Campos está clara e propositadamente se distanciando de Aécio Neves.
Mas, ao contrário do que temem os tucanos e vislumbram com alguma esperança os petistas, isso não significa necessariamente uma aproximação com o governo para eventual aliança no segundo turno com a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Quer dizer, por ora, que o ex-governador de Pernambuco e sua companheira de chapa, a ex-senadora Marina Silva, concluíram que não têm nada a ganhar com a cena da "coexistência pacífica" entre as candidaturas de oposição.
Na visão do PSB, a tática dos tucanos de alimentar semelhanças entre os dois leva na prática à incorporação tácita do terceiro (Campos) pelo segundo (Aécio) colocado nas pesquisas. E a partir daí, se consolida o cenário de polarização entre PT e PSDB, como de resto já está acontecendo na versão desses dois partidos.
Diante disso, Campos e Marina resolveram se posicionar à distância dos dois adversários a fim de mostrar ao eleitorado que há três e não duas forças políticas no jogo eleitoral. Aos tradicionais oponentes interessaria definir já em maio o cenário em que acontecerá a disputa de outubro.
Mas o PSB decidiu reagir a fim de não entregar o jogo no primeiro tempo. Quer disputar o eleitorado de oposição e também o eleitor que ainda é simpático ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Este manifesta insatisfação com Dilma, não gosta do PSDB e, na avaliação da candidatura de Eduardo Campos, tem tudo para caminhar para uma alternativa.
Principalmente se nessa moldura se encaixa um perfil como o de Marina Silva. Ela cria embaraços no mundo político, impõe entraves a alianças partidárias? Os dados da realidade não permitem desmentidos. Mas, de outro lado, argumenta-se, atrai eleitores. Nessa perspectiva é que se deu a aliança entre os dois.
Trata-se, pois, na nova inflexão dada pela PSB na campanha, de evidenciar que há três candidatos e que tudo pode acontecer no primeiro turno.
No segundo, Campos pode precisar de Aécio, Aécio pode precisar de Campos e, quem sabe, o pernambucano pode precisar do PT. Ou melhor, dos votos de Dilma, caso - numa hipótese hoje remota - ela não vá ao segundo turno.
Em resumo, PT e PSDB podem até propagar que a candidatura de Campos não é viável. Mas, tendo entrado na disputa para valer, é de se imaginar que ele tenha o direito de se considerar um candidato competitivo e se comporte com tal.
Mal explicado. Do ex-presidente Lula sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás: "Você pode ter feito um mau negócio na época que depois virou um bom negócio, ou fazer um mau negócio que se transforme depois em negócio razoável. O (Sérgio) Gabrielli e a Graça (Foster) explicaram bem isso".
Nada disse, contudo, sobre a explicação da presidente Dilma Rousseff na nota em que justificava a aprovação da compra com base em relatório técnica e juridicamente falho.
Vaivém. Sensação de um ministro não petista, afinadíssimo com o governo: Lula já esteve mais disposto a concorrer à eleição no lugar de Dilma. Recuou, mas mantém a carta a postos na manga.
Se a jogará na mesa, depende da conta do custo-benefício para o PT. Seja como for, a avaliação é a de que o tempo político da decisão terá de ser o da convenção do partido marcada para o dia 28 de junho.
Coração de mãe. Na vaga de vice de Aécio Neves sempre cabe mais uma possibilidade. Agora, à lista de nomes em circulação acrescenta-se o do ex-senador cearense Tasso Jereissati.
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