Naira Trindade, Ana Pompeu – Correio Braziliense
Em tom dramático e apelativo, o Partido dos Trabalhadores aproveitou os sessenta segundos de propaganda partidária na televisão para tentar alavancar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Baseando-se no discurso do "medo dos fantasmas do passado", o vídeo usou os mesmos personagens para simular dois momentos econômicos do país. Na encenação, famílias dilaceradas contracenam com elas mesmas, reconstruídas. Trabalhadores se deparam com eles, desempregados. Crianças se veêm mendigando no sinal.
"Quando a gente dá um passo para frente na vida, precisa saber preservar o que conquistou. Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem o que conseguimos com tanto esforço. Nosso emprego de hoje não pode ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos às falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás", narra o locutor.
As imagens foram duramente criticadas pela oposição. O presidente do PSDB — partido que esteve no poder no "passado" mencionado na peça — e pré-candidato à Presidência, o senador Aécio Neves repudiou a divulgação. "É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder", disse.
Para o senador mineiro, a peça é um exemplo da mudança pelo qual passou o PT desde que assumiu o Palácio do Planalto, em 2003. "Esse comercial é o retrato do que o PT se transformou. É o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer o medo e a insegurança porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança. Os brasileiros não merecem isso. É um ato de um governo que vive seus estertores", completou.
Líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA) considerou a atitude "uma demonstração do fracasso do PT". "É lamentável que após 12 anos ocupando a Presidência da República o PT tenha apenas isso para mostrar ao país: medo e desesperança. Na verdade, essa atitude nada mais é do que a clara demonstração do fracasso de uma gestão melancólica, envolvida em escândalos de corrupção desde seu início e carente de competência para fazer o país avançar, crescer. É um partido em evidente decadência, um morto vivo da política brasileira", disse.
Efeito contrário
Em reunião da Executiva Nacional do PSB em Brasília, o presidenciável Eduardo Campos afirmou que o governo petista dá sinais de "desespero". Na opinião dele, a peça publicitária terá efeitos contrários ao esperado na campanha da presidente Dilma Rousseff, capaz de influenciar até mesmo na presença dela no segundo turno das eleições.
"Vejo como um tipo de desespero. Eu acho que aquilo ali vai ser um grande tiro no pé. Com essa campanha, os que imaginam que vão colocar medo, vão encorajar o povo a tirar a presidente do segundo turno", afirmou. "É uma atitude equivocada, do ponto de vista político, histórico", defendeu. Para Campos, esse mesmo tipo de discurso foi utilizado contra o PT, durante as campanhas do presidente Lula.
Já o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu a narração em nota divulgada no site Conversa Afiada. "Terrorismo? Quem está fazendo terrorismo são eles, que estão dizendo que vão acabar com a valorização do salário mínimo; vão acabar com os juros subsidiados do Plano Safra, do Minha Casa, Minha Vida e do BNDES; que vão baixar a inflação por decreto e produzir milhões de desempregados! Isso, sim, é terrorismo. Nosso comercial é apenas um alerta", finalizou.
"É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder"
Aécio Neves (PSDB), senador
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