• ‘Adversário a ser batido continua sendo Dilma e o PT’, diz Aloysio Nunes
Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA — O comando da campanha do candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, saiu em defesa da escolha da ex-senadora Marina Silva como candidata na cabeça de chapa do PSB, para mostrar que não teme a adversária. A estratégia de “passar destemor” consiste em consolidar a indicação de Marina, situá-la no campo das oposições e inviabilizar uma reaproximação do PSB com o PT no primeiro turno, ou num eventual segundo turno contra Aécio.
Nas avaliações feitas nas últimas 48 horas com aliados, Aécio previu que os próximos 15 dias serão de grande comoção pela morte de Campos, o que vai impactar as pesquisas. Ele avaliou que Marina terá inicialmente o dobro dos votos de Eduardo Campos, ficando num patamar inicial de cerca de 20%, capitalizando votos de protesto, em branco e nulos, um pouco de Dilma e um pouco dele mesmo.
Perda de pontos em setembro
Para Aécio, logo que o emocional sair de cena e fraturas com o PSB passarem a ser expostas, no início de setembro, Marina pode começar a perder pontos.
— O PSB, que teve um candidato com a musculatura de Eduardo Campos, deve dar a ele um substituto à altura. Não acredito que o PSB vá abrir mão de um capital já conquistado por Eduardo. Nesse quadro, não consigo enxergar ninguém com atributos maiores que os de Marina — declarou o coordenador geral da campanha de Aécio, senador José Agripino Maia (DEM-RN).
Na sexta-feira, Aécio voltou a gravar para o programa eleitoral, quando deve homenagear Campos. No próximo domingo, após o enterro do socialista em Recife, Aécio se reunirá com a coordenação de sua campanha para redefinir os próximos passos. Estarão lá Fernando Henrique; o prefeito de Salvador, ACM Neto; o candidato a governador da Bahia, Paulo Souto; o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; José Agripino e outros.
Uma orientação já dada no comitê, para a hipótese de Marina ser mesmo a adversária: os aliados não devem polarizar ou revidar eventuais ataques, mas se centrar em vender a imagem de otimismo e esperança.
— Não temos que atacar Marina. Nosso adversário a ser batido continua sendo Dilma e o PT — diz o candidato a vice na chapa de Aécio, senador Aloysio Nunes Ferreira.
— Marina vai procurar se diferenciar de Dilma e Aécio, colocando-se como uma suposta nova política. Nossa estratégia não mudará. Vamos tornar conhecida a vida de Aécio, seu legado, e administrar seu ativo mais conhecido, passar consistência como o intérprete da mudança, fazer uma boa campanha na TV e chegar numa marca de 25% a 35% para ir ao segundo turno — disse o presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana.
Comparação com tucano
Um dia depois do acidente, o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, publicou análise em que ressalta as semelhanças de valores e legado político-administrativo de Campos com Aécio e colocou o tucano como a alternativa que mais se aproxima do projeto abortado de Campos, com maior possibilidade de continuá-lo.
O artigo diz que, assim como Aécio, Campos encarnava o desejo de mudança manifestado por quase 70% dos brasileiros nas recentes pesquisas: “O país pede mudanças, e elas virão. O país pede renovação, e elas acontecerão. O país espera juventude, e ela está a caminho. Campos era um dos agentes desta transformação, cujo curso não se extinguirá. (...) Em sua administração, espelhou-se em experiências como a de Aécio. (...) A escola é a mesma e será continuada”.
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