O precoce desaparecimento do presidenciável Eduardo Campos, que liderava a coligação Unidos Pelo Brasil (PSB – PPS – PHS – PSL – PPL - PRP) além de receber apoio da REDE Sustentabilidade (legenda partidária em formação), coloca o inesperado da fortuna em meio dos rios caudalosos de nossa conjuntura política nacional. Não se deve esperar dos atores políticos tamanha criatividade diante do arcaísmo de nossas forças partidárias, porém a “grande política” deve ser o norte de nossas reflexões.
O acidente interrompeu uma candidatura política de uma vertente da Oposição. Essa vertente não se considera representada no quadro político brasileiro pelos descaminhos da política “congelada” num sistema em constante espera por reformas. Os indicadores econômicos não são favoráveis para garantir os ganhos sociais dos últimos anos e essa vertente da Oposição defendia outra postura diante dessa situação. Portanto, deixar esse campo político vazio somente deixará o debate eleitoral mais pobre. Não se trata de quebrar polarizações, mas simplesmente de qualificar um processo político sem se deixar levar pelos “cantos das sereias” do conformismo.
O núcleo político da coligação tem uma herança democrática e progressista que deve ser respeitada. Ela sempre priorizou em sua trajetória o programa para além de nomes ou personalidades. A palavra “viabilidade eleitoral” é menor se pensarmos na importância da “viabilidade democrática”. Eixo importante nesse momento é colocar nossa sociedade no debate eleitoral seja quem for a melhor personalidade da conjuntura para representar esse discurso.
Os “tecnocratas da Ciência Política” lançam profecias sobre “candidaturas naturais” sem citar propostas ou vertentes políticas. A “candidatura natural” é respaldada em mobilização da sociedade em torno de um programa. Sempre foi esse o eixo de ação política das forças políticas no mundo e no Brasil. Não se deve alimentar os vícios do “sebastianismo político” de nossa cultura ibérica sob perigo para a nossa democracia. Em primeiro lugar, essa vertente da oposição deve esclarecer sua estratégia política para esse debate eleitoral. Em seguida, compor a melhor chapa para essa proposta.
Não é um rito simples por há a dor de uma perda por um articulador. Contudo, nesses momentos os núcleos dirigentes precisam emergir e dar exemplos de renúncias de interesses menores e eleitoreiros. A hora é própria para expor os motivos de um jovem político não ter aguardado 2018 para se lançar como candidato a Presidência da República. Fazer a diferença com discurso de mobilização da sociedade. O prazo de dez dias é pouco diante da tamanha tarefa da grande política. Entretanto, se deixarem a virtu afastar os ventos dos predestinados será uma oportunidade para que tenhamos dez dias para abalar a política nacional com grandes surpresas.
Mestre em Sociologia pelo CPDA-UFRRJ
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