Economia freio na produção
Zero Hora (RS)
Indicador do BC teve queda de 1,48% em junho. Especialistas avaliam que influências negativas da indústria e do varejo pesaram em meio ao ambiente de falta de ânimo para investir e consumir
A divulgação do resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses e é usado por analistas de mercado para ajudar a projetar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), aumentou o temor de recesssão no país. O Banco Central (BC) informou ontem que o índice recuou 1,48% em junho na comparação com o mês anterior, a maior queda desde maio do ano passado. E revisou os dados de meses anteriores, todos para menos – o período de fevereiro a junho ficou inteiro no negativo.
A atividade econômica no segundo trimestre recuou 1,2% em relação aos três meses anteriores. É a maior contração desde o primeiro trimestre de 2009, quando o país sentia os efeitos da crise financeira internacional. No primeiro semestre, ainda é positivo: apenas 0,13%. A preocupação é que se configure um quadro de recessão em meio ao ambiente de confiança em baixa.
Essa situação só será caracterizada caso o IBGE, que divulga a variação do PIB, aponte dois trimestres seguidos de queda na atividade econômica. Isso configura o que os economistas chamam de "recessão técnica". De janeiro a março, houve expansão, mas de apenas 0,2%. No próximo dia 29, o instituto divulga o PIB do segundo trimestre. Diante dos novos números do IBC-Br, a Rosenberg Associados atualizou a expectativa para o PIB de abril a junho para contração de 0,1%. A consultoria não descarta a possibilidade de a alta de 0,2% no primeiro trimestre ser revisada para queda, o que configuraria a recessão técnica. O cenário de possível recessão também foi citado por outras instituições, entre as quais os bancos Credit Suisse e ABC Brasil e a consultoria Tendências. O economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, destacou que indústria e do varejo perderam fôlego, enquanto indicadores de confiança estão baixos.
O resultado ruim de junho fez o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, alertar que IBC-Br é um indicador de tendência e não uma prévia do PIB:
– Não é correto afirmar que projeta variação do PIB negativa no segundo trimestre.
Reação em cadeia
-Preocupado com a inflação, o BC começou a subir o juro básico da economia (taxa Selic) em abril de 2013. Estava em 7,25% ao ano e, após nove alta seguidas, chegou a 11% em fevereiro, patamar que se mantém.
-Com a ajuda da diminuição dos preços dos alimentos, a inflação desacelera há quatro meses. Em junho, ficou em 0,01%. Mas, no acumulado de 12 meses, está em 6,5%, o teto da meta oficial.
-O efeito colateral é a redução do ritmo da economia. Taxas mais altas tornam mais caro para as empresas investirem em equipamentos ou para o consumidor comprar um bem financiado.
-O resultado foi que o PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2014 desacelerou e subiu apenas 0,2%, após crescer 0,4% nos últimos três meses do ano passado.
-A retração da atividade também é evidenciada pelo IBC-Br, calculado pelo BC. Em junho, caiu 1,48%, o menor nível desde maio de 2013.
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