Edla Lula – Brasil Econômico
A sombra de Paulo Roberto Costa rondou a campanha da candidata Dilma Rousseff ontem. O ex-diretor da Petrobras falará hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a estatal. Apesar da utilização da divulgação de nomes de políticos da base aliada supostamente ligados ao esquema de propina por parte dos candidatos da oposição, a estratégia adotada ontem foi não transparecer temor. "Nós não temos menor preocupação com isso", disse a presidenta ao ser indagada por jornalistas sobre o depoimento. Ao mesmo tempo em que Dilma procurava expressar tranquilidade, o presidente da CPMI, senador Vital do Rego (PMDB-PR) saía de uma reunião com o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, jurando não ter tratado do assunto.
"Conversei com Berzoini sobre a minha campanha. O PT nos apoia no Paraíba", justificou o parlamentar, candidato ao governo do estado. Uma fonte do Planalto comentou, no entanto, que há o temor de que informações dadas por Costa repercutam no eleitorado. "Mesmo que as informações sejam inverídicas e que não haja prova, a oposição tentará usar isso na campanha", comentou esta fonte. Ainda que o depoimento seja em sessão secreta, com a presença apenas dos membros da comissão, a avaliação é de que uma declaração comprometedora feita em uma CPMI em período eleitoral certamente vazará. "Se vazou o depoimento dado ao Ministério Público, maiores são as chances de vazar em um ambiente de CPI com parlamentares da oposição trabalhando por seus interesses eleitoreiros", disse.
A oposição pressiona para que o depoimento seja a portas fechadas, o que deixaria o depoente mais seguro para falar, já que passa pelo processo de delação premiada, que tem no sigilo de informações a condição para ser beneficiado coma redução da pena. "Devemos resguardar ao depoente o direito de preservar o sigilo, para não prejudicar seu acordo de delação premiada", opinou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), para quem o presidente da comissão deverá determinar, sem a necessidade de colocar em votação, a sessão fechada. Vital, por sua vez, informou que abrirá a reunião publicamente, inclusive com transmissão pela TV Senado, e só decidirá pelo contrário em última instância, se o depoente exercer o direito de não responder.
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