• Entrevista – Domingos Sávio (Deputado federal do PSDB de Minas Gerais)
"Quem que diz que Aécio deve renunciar já ao cargo, para concorrer ao governo do estado, ou é petista ou é um parlamentar despreparado para a política". Essa é a reação do deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), um dos fundadores de seu partido em Minas e amigo do presidenciável Aécio Neves, diante da informação de que parlamentares mineiros haviam aconselhado o candidato tucano a desistir da corrida presidencial. Ele garante que a campanha não acabou: "Está apenas começando, e até o dia 5 de outubro tudo pode mudar". Adotando a estratégia tucana de "desconstruir" a imagem de Marina Silva, Sávio diz acreditar que basta ao eleitor perguntar-se qual a proposta política dela para perceber que a candidata "não apresenta conteúdo ou consistência".
Edla Lula – Brasil Econômico
Minas tem sido o alvo dos candidatos. Ontem houve evento com Aécio. No dia anterior, Dilma esteve lá e a campanha de Marina programa, para a próxima semana, a presença da candidata no estado. Qual o peso do voto mineiro?
Minas Gerais tem uma responsabilidade histórica com o Brasil, desde a independência até a redemocratização, com Tancredo Neves. Mas é importante dizer que ir a Minas de maneira oportunista, como estão fazendo alguns candidatos, não vai convencer os mineiros. A própria presidente Dilma, que é nascida em Minas, teve um comportamento nesses quatro anos que nenhum presidente nos tempos recentes teve. Ninguém teve um comportamento repleto de descuidos e desprezos por Minas como Dilma.
Mas algumas pesquisas mostram que ela é mais bem aceita no estado do que Aécio...
Ela está usando o que já usou em vários momentos, que é a promessa sem consistência. Assim como Dilma está caindo entre o eleitorado de vários estados brasileiros, cairá também em Minas. O povo está caindo na real. Não dá para um governante que, há quatro anos, prometeu tantas coisas sem cumprir nada, manter a confiança do eleitorado. Foi o que Dilma fez. Prometeu fazer o metrô, o Rodoanel, duplicar a BR 381 e uma série de obras estruturantes. Não fez coisa nenhuma.
Aécio consegue recuperar o apoio dos conterrâneos?
Não tenho dúvida nenhuma. Minas conhece bem Aécio. Ele fala a língua do mineiro e eu tenho absoluta convicção de que Minas dará a vitória a Aécio, o que será fundamental para ele ter uma vitória nacional. O cenário está em franca mudança.
Como o sr. acha que deve ser o tom da campanha de Aécio neste novo cenário? Mais agressivo?
O que cabe neste momento é a campanha dele imprimir mais firmeza e mais clareza nas propostas. O povo brasileiro está se manifestando pela emoção. Mas também ainda aguarda um sinal de quem pode ser confiável e ter clareza nas propostas, com capacidade de materializar essas propostas. Neste sentido, cabe uma agressividade, contra o problema e não contra pessoas ou candidatos. Tem que ser contundente nas suas propostas.
O líder do PT no senado, Humberto Costa (PE) disse que a Marina é um "FHC de saias". A comparação é boa ou ruim?
Estou surpreso com a infelicidade da comparação. Fernando Henrique Cardoso nunca foi uma figura que tenta pegar as pessoas pelo emocional. Não tenho a intenção de cometer agressão contra a Marina. É evidente que Marina faz um jogo emocional para buscar ampliar o seu apoio, mas o conteúdo é absolutamente desconhecido. Não digo que ela é vazia de conteúdo, mas ela não responde nada ou não apresenta conteúdo com consistência. É muito grave entregar o país para alguém que não diz com clareza aquilo que vai fazer. Pior do que isso, Marina pela manhã diz uma coisa, e à tarde muda de ideia.
O senhor se refere ao programa político voltado para a comunidade LGBT, anunciado num dia e refeito no outro?
Isto também, mas há outros pontos. Marina vai acabar desagradando tanto a comunidade LGBT quanto a igreja. Porque nem um nem outro tem motivos para confiar no que ela diz. Marina não está dizendo a ninguém que tipo de governo vai fazer. Porque quer agradar a todos. Quer agradar aos ambientalistas dizendo que vai endurecer para evitar desmatamento. Mas quer agradar ao agronegócio, com quem já se reuniu para dizer que ele vai poder fazer pastagem. Ela critica o sistema financeiro e se reúne com banqueiros.
Qual a estratégia para Aécio reconquistar o eleitor que migrou para Marina?
Este eleitor que mudou de voto respondeu de maneira impulsiva. Agora, já começa a se perguntar porque votará nela e o que esperar dela. O eleitor se pergunta que tipo de projeto espera para o país. O candidato que conseguir dar a essa pergunta uma resposta mais adequada, de maneira fundamentada e não maquiada, conseguirá reverter este quadro.
Como ficará o Congresso a partir de 2015?
O Congresso caminha para se tornar uma instituição mais forte. Toda essa movimentação mostra um fechamento do ciclo PT. Há uma rejeição muito alta a Dilma e uma tendência do voto anti-PT. A coalizão PT-PMDB construiu uma maioria esmagadora que anulou o Congresso. O Parlamento hoje é refém do Executivo. Não existe diálogo. O Executivo manda, não dialoga nem mesmo com a sua base.
Nenhum comentário:
Postar um comentário