• Partido prepara encontro com quatro candidatos e Dilma, em prol do pré-sal
Simone Iglesias e Marcelo Remigio – O Globo
BRASÍLIA E RIO - Apesar do alívio momentâneo com o resultado das pesquisas Ibope e Datafolha em que a presidente Dilma Rousseff (PT) amplia levemente as intenções de voto e a ex-senadora Marina Silva (PSB) para de crescer, a coordenação da campanha à reeleição está preocupada com o desempenho de Dilma no Rio, São Paulo e Minas Gerais. O quadro nos estados do Sudeste é considerado "desesperador" pelos dirigentes. No Rio, a ordem é conter o crescimento de Marina e reverter as perdas, retomando os 43% que a presidente fez em 2010. Agora, a petista aparece com 32% das intenções de voto, segundo levantamento do Ibope, contra 38% de Marina. Para subir ao menos 11 pontos percentuais, a campanha tenta um movimento ousado: reunir num único evento com Dilma os quatro candidatos primeiro colocados na disputa ao governo.
Anteontem, no Rio, dirigentes nacionais do PT se reuniram com os coordenadores das campanhas de Anthony Garotinho (PR), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Marcelo Crivella (PRB) e Lindbergh Farias (PT). A presidente prepara uma força-tarefa nos dias 14 e 15 de setembro. A ideia é promover um ato em defesa da exploração do pré-sal, que ganhará contornos políticos e no qual ela pretende reunir os quatro adversários regionais. Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PMDB), de Niterói, Rodrigo Neves (PT) e de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (sem partido), estão à frente da organização do ato, que deverá acontecer no Rio ou na Baixada Fluminense.
- Não se pode jogar fora os investimentos no pré-sal. Isso não é uma briga só do Rio, mas de todo o país - disse Cardoso.
- Vamos ter que tentar fazer algo que unifique as quatro candidaturas. Uma eleição que parecia fácil foi desestabilizada com a entrada de Marina - disse o presidente do PT do Rio, Washington Quaquá.
Durante a reunião, houve críticas quanto à falta de material de Dilma pelas ruas e sobre o fato de a coordenação de Dilma ter apostado na TV como principal eixo da campanha.
O diagnóstico foi o de que a situação está difícil, mas que há chance de reversão. Para isso, Dilma precisa fazer mais campanha no Rio.
- Vamos turbinar a campanha, com mais agendas dela com os candidatos e também vamos ver se fechamos essa ideia de um evento que reúna os quatro com Dilma - disse o vice-prefeito do Rio Adilson Pires, que coordena a campanha à reeleição na capital.
Os coordenadores das campanhas de Garotinho, Pezão, Crivella e Lindbergh ficaram de responder hoje se aceitam realizar o evento conjunto.
Em São Paulo, o quadro é considerado "desesperador" por dirigentes petistas. O candidato do PT ao governo, Alexandre Padilha, não consegue se viabilizar, desempenho que afeta diretamente a campanha de Dilma. Na avaliação de integrantes da coordenação, o grande desafio é conseguir mudar o voto do eleitorado paulista, que dá sinais de que reelegerá o tucano Geraldo Alckmin e que saturou do PT.
- Estamos à procura dos 30% que o partido historicamente tem. Onde estão esses votos, se Padilha patina em 7% e Dilma está bem abaixo desse patamar? - disse um dirigente.
Segundo pesquisa Ibope divulgada segunda-feira, Marina tem 39% das intenções de voto, contra 23% de Dilma, uma diferença de 16%. No maior colégio eleitoral do Brasil, com 32 milhões de eleitores (22,4% do total nacional), essa diferença, se mantida, e vista pelos petistas como "aterradora". Em 2010, Dilma fez 37,31% dos votos em São Paulo e Marina, 20,77%. Naquele ano, o tucano José Serra venceu no estado, com 40,66% dos votos.
Em Minas Gerais, a coordenação da campanha de Dilma esperava que ela crescesse com a queda de Aécio Neves (PSDB). No entanto, Marina foi a maior beneficiada. Petistas reclamam da atuação do candidato ao governo local, Fernando Pimentel, que lidera as pesquisas, mas que não estaria se empenhando na eleição de Dilma. No começo de agosto, o presidente nacional o PT, Rui Falcão, reclamou da dobradinha entre Pimentel e Aécio, na última reunião da executiva do partido, chamada em Minas de "Pimentécio". Apesar de o candidato mineiro negar estar escondendo a presidente, petistas dizem que a situação ainda não foi corrigida.
Tanto Garotinho, que lidera as pesquisas, quanto o governador Pezão já fizeram agenda no Rio ao lado de Dilma.
Correligionário de Dilma, Lindbergh, que estagnou nas pesquisas e ainda aguarda a vinda da presidente ao Rio para apoiá-lo, se mostrou irritado ao ser questionado sobre o encontro com Dilma e três adversários:
- Não sei nada sobre isso - desconversou.
Garotinho, do PR, que costumava cobrar reciprocidade do PT,disse não ver "nenhum problema" no fato de posar ao lado dos outros candidatos ao Palácio Guanabara:
- Não tenho conhecimento ainda. Mas quem vai deixar de defender os royalties? Ninguém. Em defesa dos royalties eu fui ao Palácio Guanabara. Não tem nenhum problema (estarem os quatro juntos).
Pezão, por sua vez, foi sóbrio ao comentar a possibilidade de aparecer no mesmo lado de seus adversários, e afirmou que pretende levar Dilma no Complexo da Maré.
- Não sei, nem pensei nisso ainda.
Crivella, disse que aceitará:
- Aceito. Pelo Rio.
(Colaboraram: Letícia Fernandes, Igor Mello, Cássio Bruno e Leandra Lima)
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