• A presidenciável pelo PSB falou para empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
Juliana Castro – O Globo
RIO - Em discurso para empresários do Rio, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, manteve o tom de críticas à presidente Dilma Rousseff (PT), lembrando o escândalo da Petrobras, e citando que o programa da petista no horário eleitoral mostra uma ilha de fantasia onde tudo funciona. Marina cobrou de Dilma e, também de Aécio Neves, candidato pelo PSDB, a apresentação de seus programas de governo.
— Assinar cheque em branco é perigoso. Onde estão os programas dos meus adversários? Que apresentem para que possamos fazer comparação — cobrou a candidata do PSB, durante o evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Acompanhada do vice na chapa, Beto Albuquerque, Marina disse que está em jogo algo grandioso e que o eleitor vai escolher se vai votar em quem tem programa ou naqueles que têm promessas genéricas:
— Nesse momento, o que está em jogo é algo muito grandioso: se vamos ou não eleger um presidente com base em um programa ou com base apenas em promessas e diretrizes genéricas. Os dois candidatos não apresentaram programa e repetem que leram minuciosamente o nosso. Mas, por que não apresentam suas ideias para que possamos fazer o debate?
Marina disse ainda que o país está vivendo um caos no setor elétrico:
- Acho que o lugar mais simbólico desse colapso (na infraestrutura) é o setor de energia, porque se temos a pessoa mais importante nos postos mais importantes da República cuidadando deste setor e, desde 2010, ele vive à beira de um apagão, vamos imaginar o que acontece com os demais. A presidente dilma foi ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil, e presidente da República e estamos vivendo um caos no setor elétrico.
'Dilma usa comigo a mesma tática que Collor usou com Lula'
Marina disse que a campanha do PT está usando com ela a mesma tática que Fernando Collor usou na campanha de 1989 contra Lula.
- Não vale tudo para ganhar uma eleição. Vi o Collor de Mello ganhar uma eleição do Lula usando a mesma estratégia que a presidente Dilma está usando e não foi um resultado bom para o país, porque dividiu o país. Quero ganhar uma eleição com base no debate, nas propostas e não na indústria da calúnia e da mentira, do boato, do preconceito, da difamação. Lutei muito quando faziam a mesma coisa que estão fazendo comigo na época que o Lula era candidato. O mesmo punhal enferrujado está sendo usado contra mim - afirmou.
Tecnicamente empatada com Dilma nas pesquisas, Marina centrou suas críticas mais na presidente do que em Aécio. A candidata do PSB disse que com o tempo de TV de Dilma dá para fazer um curta-metragem.
— Mas o discurso num programa eleitoral de onze minutos, que dá para fazer um curta-metragem, é onde se cria uma ilha da fantasia em que tudo funciona — criticou. - Foi dito para as mulheres que teriam 6 mil creches para seus filhos. Apenas 400 foram feitas em quatro anos e estão sendo feitas 700.
Meus adversários estão desesperados, diz Marina
Sem citar o PT, Marina declarou que aqueles que diziam querer proteger as empresas estatais da privatização faziam o discurso dissociado da prática porque depois envolveram a Petrobras em um escândalo. A candidata afirmou ainda estar sofrendo todo tipo de calúnia. E chegou a se comparar a líderes como o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela e Martin Luther King, dizendo que ninguém lembra de seus algozes.
- Estas eleições estão difíceis, mas nunca tive tão animada. Mandela ficou 25 anos na prisão. Eu pergunto a vocês: vocês sabem os nomes dos algozes? Não sabemos. É preciso pesquisar, mas todo mundo sabe quem é Mandela. Houve um tempo em que ele era vendido como se fosse o supremo mal. Luther king a mesma coisa, Gandhi a mesma coisa - afirmou.
— Estou sofrendo todo tipo de calúnia, mas estou tranquila e serena porque eles estão apavorados pela possibilidade de perder e estamos apenas animados, mobilizados com a possibilidade de ganhar.
Marina lembrou também o escândalo na Petrobras para criticar Dilma:
- Não pode ter alguém para ter apenas pedaço do estado ou fazer o que esta sendo feito com a Petrobras. Queremos governabilidade programática.
A candidata disse querer governar com brasileiros tendo assumindo compromisso de que ficará apenas por quatro anos e "sabendo que vamos dialogar com aqueles que deveriam ter responsabilidade com nova república.
- Vai ser mais fácil dialogar com Fernando Henrique, com Lula, do que deve ter sido com o Antônio Carlos Magalhães, com (José) Sarney. A velha república precisa ser aposentada e nova república precisa assumir responsabilidades.
Comitê de buscas
Para o empresariado fluminense, Marina falou sobre o modelo de comitê de buscas para acabar com as denúncias de corrupção nas agências reguladoras. No comitê de buscas se inscreveriam técnicos experientes para exercer funções importantes nas agências. Com isso, os profissionais não teriam que se submeter às indicações políticas.
- O que vamos fazer é aperfeiçoar o sistema com a nomeação de pessoas que sejam quadros técnicos, que possam ir para esses postos pelo mecanismo do comitê de busca, onde poderemos, assim, colher quadros competentes, independente e com a visão republicana na função que a sociedade está reclamando que é a melhoria da qualidade dos serviços, para que os investimentos possam ser feitos adequadramente.
Aos empresários, a candidata disse ainda que o país vive um apagão de inovação, sendo preciso investir nas áreas de pesquisa, inovação e tecnologia.
Vice de Marina cita Goebbels ao falar de Dilma
O vice de Marina, Beto Albuquerque, citou Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do Reich na Alemanha de Adolf Hitler, ao falar da presidente Dilma.
— Precisamos virar esse jogo onde Goebbels é o principal marqueteiro ao transformar a mentira numa afirmação permanente. Como poderia uma mulher como a Marina, que nasceu na floresta, teve cinco malárias, fez o Mobral, acabar com o Bolsa Família, como diz a Dilma?
Albuquerque afirmou também que ele e Marina vieram ao Rio para dizer que não são contra o pré-sal:
- Viemos ao Rio para dizer em alto e bom sol aos brasileiros que somos a favor do pré-sal. Seria impensável algum brasileiro ser contra o pré-sal. Viemos ao Rio dizer que somos favoráveis a indústria naval, vamos seguir fazendo contratos, fazendo leilões. Mas somos contra a corrupção.
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