Não somente o mar, não só costa, espuma,
pássaros de insubmisso poderio,
não só aqueles e estes grandes olhos,
não só a noite em luto com os seus planetas,
não só as árvores com sua alto mansidão,
mas sim a dor, a dor que é o pão do homem.
Mas, por quê? Então naquele tempo eu era
fino feito um fio e bem mais escuro
do que um peixe de águas noturnas, e não pude,
não pude mais, de um golpe quis mudar o mundo.
Pareceu-me estar mordendo a erva mais amarga,
compartir um silêncio manchado de crime.
Mas é na solidão que nascem e morrem coisas,
a razão cresce e cresce até ser desvario,
a pétala se estende sem chegar à rosa,
a solidão é o pó inútil do mundo,
a roda que dá voltas sem terra, nem água, nem homem.
E eu, assim foi como gritei perdido
e que se fez grito sem freio na infância?
Quem ouviu? Que boca respondeu? Que caminhos tomei?
Que responderam
os muros quando batidos por minha cabeça?
Levanta e volta a voz do débil solitário,
gira e gira a roda atroz das desditas,
subiu e voltou aquele grito, e não soube ninguém,
não o souberam nem mesmo os abandonados.
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