quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Apesar da pancadaria, quadro fica inalterado

Empate técnico nos dois turnos

• Datafolha mostra diferença entre Dilma e Marina dentro da margem de erro e vê disputa consolidada

Tatiana Farah, Renato Onofre e Isabel Braga – O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Em uma semana de forte munição disparada pelos candidatos à Presidência, o Datafolha mostrou ontem um acirramento da disputa entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). De acordo com o instituto, as duas candidatas estão tecnicamente empatadas nos dois turnos. No segundo turno, caiu para quatro pontos a diferença entre elas, o que resulta em empate técnico (47% para Marina e 43% para Dilma). Na semana passada, Marina estava na frente, com 48% das intenções de voto contra 41% de Dilma.

Em relação ao primeiro turno, a presidente oscilou um ponto para cima, e Marina, um ponto para baixo, aumentando a diferença entre elas para três pontos, também dentro da margem de erro: 36% para Dilma e 33% para Marina. O senador Aécio Neves (PSDB) oscilou um ponto para cima em relação à pesquisa do dia 5 de setembro e segue em terceiro lugar, com 15%. Os outros candidatos somaram 3%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Na simulação de segundo turno, Aécio perde tanto para Marina (54% a 30%) quanto para Dilma (49% a 38%). No entanto, em relação à pesquisa anterior, a diferença entre a socialista e o tucano caiu, já que, no dia 5, Marina tinha 56%, e Aécio, 28%. O índice de confiança da pesquisa, que ouviu 10.568 eleitores em 373 municípios do país, é de 95%. As entrevistas foram feitas nos dias 8 e 9 de setembro, e a pesquisa, encomendada pela Rede Globo e pelo jornal "Folha de S. Paulo", foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00584/2014.

Mauro Paulino acha difícil cenário mudar
Para Mauro Paulino, diretor do Datafolha, a pesquisa consolida a disputa entre Dilma e Marina.

- O empate técnico no segundo turno mostra o acirramento entre as duas candidaturas. A pesquisa aponta que o resultado tende mais para uma estabilidade (entre Dilma e Marina) do que para uma mudança no cenário - disse Paulino.

Outro ponto que merece destaque, segundo o diretor do Datafolha, é que aumentou a rejeição de Marina de 16 para 18 pontos percentuais. Marina já teve uma rejeição bem inferior, de 11%. Esse crescimento pode ser explicado por ela ter se tornado o principal alvo dos ataques de seus adversários e por ter assumido o protagonismo na disputa.

A mesma pesquisa avaliou também a opinião dos eleitores sobre o governo da presidente. Segundo o Datafolha, o governo Dilma é avaliado como ótimo/bom por 36%; como regular por 38%; e como péssimo/ruim por 24%. São os mesmos números da pesquisa anterior. Os eleitores que afirmaram não saber avaliar o governo somam 1% dos entrevistados. A nota atribuída a Dilma é de 5,9.

O Datafolha também mostrou a performance dos candidatos a presidente nos estados. Aécio cresceu quatro pontos em Minas, seu estado de origem. O tucano tinha 22% das intenções de voto na semana passada e agora subiu para 26%, em empate técnico com Marina (que oscilou de 27% para 25%). Dilma oscilou dois pontos para baixo, mas mantém a liderança, com 33%. A presidente avançou três pontos em São Paulo e está com 26%, mas seria derrotada por Marina, que oscilou dois pontos para baixo, com 40%. Aécio, que estava com 18%, oscilou para 16%.

No Rio, Marina continua na liderança, mas oscilou um ponto para baixo e tem 36% da preferência. Dilma tem 30%, oscilando um ponto para baixo, e Aécio tem 12%, oscilando um ponto para cima. No Rio Grande do Sul, Marina caiu quatro pontos (de 36% para 26%), e Dilma venceria com 40% (antes tinha 38%). Aécio se manteve com 15%. Em Pernambuco, Marina lidera com 45%, e Dilma tem 38%. É o pior cenário para Aécio, que tem 2%. Nas pesquisas estaduais, a margem de erro é de 3 pontos.

Segundo cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, a pesquisa Datafolha consolida os nomes de Dilma e Marina no segundo turno. Para eles, a estratégia de Aécio de tentar transformar os recentes escândalos da Petrobras em um novo mensalão não surtiu efeito. Contudo, são unânimes em dizer que as revelações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa podem influenciar na disputa após o fim do primeiro turno.

- O que vemos no momento é um quadro de estabilidade na disputa. Marina e Dilma se consolidaram na faixa dos 35%, o que as garante no segundo turno. A estratégia do Aécio de apostar todas as suas fichas no escândalo da Petrobras não surtiu efeito - afirmou o professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.

Para o cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael, as revelações sobre a Petrobras não tiveram o efeito esperado pelo PSDB:

- Apesar de a pesquisa ainda não ter captado os problemas da Petrobras, dificilmente as denúncias terão impacto no resultado do primeiro turno. E (o escândalo) é a última esperança de Aécio.

O professor da FGV-SP Marco Antonio Carvalho Teixeira disse que Dilma é quem mais pode comemorar com a divulgação da pesquisa:

- Dilma conseguiu recuperar alguns pontos que tinha perdido para Marina no primeiro e no segundo turnos e, de quebra, não sentiu os efeitos das revelações sobre a Petrobras.

Campanhas repercutem resultado
Os petistas comemoram a recuperação da presidente Dilma e a estabilização no crescimento da candidatura de Marina. Os apoiadores de Marina afirmam que é preciso esperar os próximos dias e lembrar que, apesar de ela ter sido alvo de ataques das outras candidaturas, manteve-se estável, dentro da margem de erro. Para os tucanos, o escândalo envolvendo a Petrobras ainda não teve reflexos nesse levantamento e vai alterar o resultado nesta reta final da campanha.

- Fica claro que houve estancamento na perda de Dilma e no crescimento de Marina. É um quadro animador - afirmou Humberto Costa (PT).

O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rolemberg, reafirma a competitividade da candidatura de Marina e também trabalha com o segundo turno:

- No segundo turno, Marina será beneficiada de forma significativa, terá tempo igual ao de Dilma no horário eleitoral.

Para o coordenador da campanha de Aécio, senador José Agripino (DEM), ele estará no 2º turno.

- O voto será decidido entre 20 de setembro e o dia da eleição. Aécio continua na disputa, tem todas as chances de ir para o segundo turno. Aécio se mantém e até sobe, e Marina cai.

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